São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 2006

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Em mais um dia de caos, Anac diz que crise acabou

Aeroportos vivem 4º dia de caos, com passageiros em filas e funcionários agredidos

O presidente Lula culpou empresas aéreas pelos problemas e afirmou, sem citar a TAM, que ocorreu "overbooking"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL

No quarto dia de caos nos aeroportos, o presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, anunciou que a crise no setor aéreo estava "quase debelada" e a situação da TAM, que não tinha aviões suficientes para realizar os vôos programados, estaria regularizada até hoje.
O governo deu "garantia" de que não haverá novos transtornos às vésperas do Ano Novo.
Até as 10h30 de ontem, 300 vôos estavam com mais de uma hora de atraso (44% de um total de 675) e 14 haviam sido cancelados. Na sexta, o caos aéreo bateu seu recorde desde o início dos problemas em novembro: 52% dos vôos atrasados.
A TAM precisou fretar um total de 14 aeronaves, sete delas da Força Aérea Brasileira. As vendas de passagens da empresa seguem suspensas até hoje.
Segundo Zuanazzi, persistiam ontem apenas "focos de problema" nos aeroportos de Brasília e do Rio de Janeiro, ligados à falta de tripulação.
No entanto, em Congonhas (zona sul de São Paulo), por volta das 18h30 funcionários da TAM anunciaram que o check-in seria suspenso por duas horas, para "reorganizar a malha e melhorar a fluidez".
Nesse horário, a estimativa é que havia 4.000 pessoas nas salas de embarque e outras 3.000 aguardando para fazer o check-in. Passageiros relataram que nas salas de embarque as pessoas se espalhavam pelo chão e que o calor era insuportável.
De manhã, no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), passageiros agrediram funcionários da TAM, que em resposta abandonaram o trabalho por dez minutos. No retorno, alguns choravam.
Atendentes da empresa diziam que, na madrugada, um passageiro arremessou um vaso contra uma funcionária.
No aeroporto internacional Tom Jobim, do Rio de Janeiro, a passageira Miriam Bezerra atacou um computador da companhia, destruindo-o. Foi detida por agentes da PF.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários já reivindica seguranças para proteger a categoria.
Segundo a Anac, a TAM já teria aviões no pátio para realizar os vôos atrasados em Brasília e no Galeão, mas faltavam pilotos, tripulação e pessoal de terra. "Estamos entrando no momento do fim da crise. Não faltam mais aeronaves", disse Zuanazzi.
Dos sete aviões da FAB aceitos pela TAM na sexta, pelo menos quatro ainda voavam ontem, dois Boeings 707 e dois E-145. Outros sete foram cedidos pela Nova Varig, BRA, Ocean Air e Total Linhas Aéreas.
Sem citar a TAM, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou o "overbooking", quando empresas vendem passagens acima da capacidade real.
"Se as empresas [aéreas] venderem apenas as passagens que lotam os aviões que elas têm disponíveis, já ajuda muito. O que não dá é para passageiro ficar no aeroporto esperando um avião que não existe, um avião que não tem", disse Lula, após evento com catadores de papel no centro de São Paulo.
Para Lula, a situação deveria se normalizar entre ontem à noite e hoje. Embora tenha apontado para as empresas, o presidente disse que não procura "culpados". "A única coisa que eu quero agora é resolver o problema, para depois, sim, procurar o culpado."
A Anac disse que a TAM "perdeu o controle" da gestão de sua malha e será investigada. "A origem dessa crise é que a TAM tinha os passageiros, mas não aviões suficientes", disse Zuanazzi. A TAM nega.


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