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Em mais um dia de caos, Anac diz que crise acabou
Aeroportos vivem 4º dia de caos, com passageiros em filas e funcionários agredidos
O presidente Lula culpou empresas aéreas pelos problemas e afirmou,
sem citar a TAM, que
ocorreu "overbooking"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
No quarto dia de caos nos aeroportos, o presidente da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), Milton Zuanazzi, anunciou que a crise no setor aéreo
estava "quase debelada" e a situação da TAM, que não tinha
aviões suficientes para realizar
os vôos programados, estaria
regularizada até hoje.
O governo deu "garantia" de
que não haverá novos transtornos às vésperas do Ano Novo.
Até as 10h30 de ontem, 300
vôos estavam com mais de uma
hora de atraso (44% de um total
de 675) e 14 haviam sido cancelados. Na sexta, o caos aéreo bateu seu recorde desde o início
dos problemas em novembro:
52% dos vôos atrasados.
A TAM precisou fretar um
total de 14 aeronaves, sete delas
da Força Aérea Brasileira. As
vendas de passagens da empresa seguem suspensas até hoje.
Segundo Zuanazzi, persistiam ontem apenas "focos de
problema" nos aeroportos de
Brasília e do Rio de Janeiro, ligados à falta de tripulação.
No entanto, em Congonhas
(zona sul de São Paulo), por volta das 18h30 funcionários da
TAM anunciaram que o check-in seria suspenso por duas horas, para "reorganizar a malha e
melhorar a fluidez".
Nesse horário, a estimativa é
que havia 4.000 pessoas nas salas de embarque e outras 3.000
aguardando para fazer o check-in. Passageiros relataram que
nas salas de embarque as pessoas se espalhavam pelo chão e
que o calor era insuportável.
De manhã, no aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos
(Grande SP), passageiros agrediram funcionários da TAM,
que em resposta abandonaram
o trabalho por dez minutos. No
retorno, alguns choravam.
Atendentes da empresa diziam que, na madrugada, um
passageiro arremessou um vaso contra uma funcionária.
No aeroporto internacional
Tom Jobim, do Rio de Janeiro,
a passageira Miriam Bezerra
atacou um computador da
companhia, destruindo-o. Foi
detida por agentes da PF.
O Sindicato Nacional dos Aeroviários já reivindica seguranças para proteger a categoria.
Segundo a Anac, a TAM já teria aviões no pátio para realizar
os vôos atrasados em Brasília e
no Galeão, mas faltavam pilotos, tripulação e pessoal de terra. "Estamos entrando no momento do fim da crise. Não faltam mais aeronaves", disse
Zuanazzi.
Dos sete aviões da FAB aceitos pela TAM na sexta, pelo menos quatro ainda voavam ontem, dois Boeings 707 e dois E-145. Outros sete foram cedidos
pela Nova Varig, BRA, Ocean
Air e Total Linhas Aéreas.
Sem citar a TAM, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva culpou o "overbooking", quando
empresas vendem passagens
acima da capacidade real.
"Se as empresas [aéreas] venderem apenas as passagens que
lotam os aviões que elas têm
disponíveis, já ajuda muito. O
que não dá é para passageiro ficar no aeroporto esperando um
avião que não existe, um avião
que não tem", disse Lula, após
evento com catadores de papel
no centro de São Paulo.
Para Lula, a situação deveria
se normalizar entre ontem à
noite e hoje. Embora tenha
apontado para as empresas, o
presidente disse que não procura "culpados". "A única coisa
que eu quero agora é resolver o
problema, para depois, sim,
procurar o culpado."
A Anac disse que a TAM "perdeu o controle" da gestão de sua
malha e será investigada. "A
origem dessa crise é que a TAM
tinha os passageiros, mas não
aviões suficientes", disse Zuanazzi. A TAM nega.
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