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FOCO
Paulistana antecipa Natal para manter tradição de reunir toda a família
Com cerca de 75 pessoas, encontro inclui missa feita por padre amigo da família e amigo-secreto com valor máximo de R$ 50
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
Há 40 anos, a paulistana
Maria Célia Monteiro de Barros, 84, se esforça para manter uma tradição. Reunir na
ceia de Natal toda a família
-hoje com 5 filhos, 17 netos,
2 bisnetos e agregados. Para
isso, ela antecipa a comemoração para 23 de dezembro.
"Eu me preocupo muito
com a falta de congraçamento nos dias de hoje."
Maria Célia diz que o Natal
sempre foi uma data mágica.
"Quando me casei, há 56
anos, a ceia era na casa da minha sogra, depois na da minha mãe. Quando elas morreram, mantive a tradição."
A paulistana começa a organizar o Natal já em outubro, quando sua família decide onde será o encontro. Neste ano, o local escolhido é a
casa de sua filha caçula.
"Mando um e-mail para que
todos reservem a data."
Outra surpresa é a cor escolhida como tema. "Em
2010, será azul, mais suave,
em virtude do luto."
Mesmo em anos marcados
pela tristeza, como em 2010,
quando Maria Célia perdeu
dois irmãos no espaço de
dois meses, a festa não é deixada de lado.
"Teremos de superar o luto. As pessoas dizem: "Como
você tem coragem? Precisa
ser muito forte". Nada disso.
Terminou a vida deles, não
era o que queríamos, mas o
momento nunca é nosso."
"Vamos nos lembrar deles, mas estaremos celebrando o nascimento do Menino
Jesus, e não a morte. Para os
cristãos, o sentido do Natal é
de recomeço, algo a ser passado para as crianças."
COMISSÃO
Para sair tudo perfeito, é
criada uma comissão para
cuidar das bebidas, do menu
e da programação. "Eu só
dou as diretrizes."
Para entrar no verdadeiro
clima natalino, no segundo
domingo de dezembro, a família faz um auto de Natal.
No último dia 13, foram reunidas 35 pessoas, entre filhos, netos e bisnetos.
"Peço que cada um prepare algo especial. É o momentos dos talentos, de preparação de alma. Todos se manifestam, seja cantando, dançando ou recitando."
Neste ano, um de seus netos, de 30 anos, fez um poema sobre Jesus na época da
informática.
No dia 23, o encontro começa com uma missa em casa, realizada por um padre
amigo da família. Ninguém
pode beber antes de comungar. "Uns 80% comungam
seriamente, não é para agradar a vovó."
Em seguida, vem a ceia e o
Papai Noel contratado para a
sessão dos presentes.
Depois, acontece o amigo-secreto, uma troca simbólica
para que todos usem a criatividade e presenteiem com
até R$ 50. A ideia é a de que o
Natal não é só "o presente".
DIA 25
No dia 25, Maria Célia fica
em casa esperando as visitas,
que ganham presentes.
"Faço a minha lista de lembrancinhas por faixa etária.
Neste ano, comprei para minhas netas uma coisa engraçadinha: uma pinça que é a
escultura de uma garotinha.
Tem loura, morena e ruiva."
Maria Célia critica, porém,
o fato de que no Natal as pessoas só se preocupem em
comprar. "Esquecem o sentido mais profundo da data."
INESQUECÍVEL
Antigamente, quando morava numa casa grande, Maria Célia fazia a ceia para cem
pessoas. Hoje, reúne em torno de 75. A paulistana conta
que seu Natal inesquecível
foi o de 2003, quando seu
marido ainda era vivo.
"Por coincidência, o último
dele. Um momento muito alegre que temos na memória."
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