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Plano fica pela metade e palácio no centro deve ter restauração de fachada
KARIN BLIKSTAD
PAULO HENRIQUE RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quatro anos após ter anunciado a recuperação do Palácio
dos Campos Elíseos, o governo
de São Paulo finalmente deu
início às obras de restauração
da antiga sede e residência oficial do Estado.
Desta vez, pela metade.
O investimento de R$
5.309.951,30 -R$ 2.262.000
captados até agora- pagará a
obra na fachada e na cobertura.
O interior, abandonado, apresenta focos de cupim, fiação à
mostra e buraco no assoalho do
piso superior
As obras começaram no final
de dezembro, depois de um ano
de testes e estudos técnicos, segundo Mariana Rolim, da Fundação Patrimônio Histórico da
Energia e Saneamento, que organiza o projeto. Os andaimes
já foram montados.
O governo diz que a restauração externa impedirá mais deterioração por dentro, ao cessar
infiltrações, por exemplo. Para
especialistas ouvidos pela Folha, priorizar a parte externa
não é problema.
Mas o destino do palácio vazio só será definido quando o
interior for restaurado, na segunda etapa de obras, sem data
marcada. Para começar as
obras na parte interna, é preciso captar mais recursos.O restauro externo deve durar 18
meses.
O certo é que o prédio não vai
abrigar novamente uma repartição pública. "Senão, começa a
degradar tudo de novo", diz
Sergio Tiezzi, chefe de gabinete
da Secretaria de Desenvolvimento, órgão responsável pelo
imóvel.
Até 2006, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e
Turismo, hoje desmembrada,
ocupava o casarão tombado.
Em 2003, anunciado o restauro
pela primeira vez, pensou-se na
volta do gabinete do então governador, Geraldo Alckmin
(PSDB), para o palácio. Mas a
idéia foi descartada.
Casarão abandonado
O prédio está totalmente desocupado -a não ser pelos seguranças na guarita, os gatos
que perambulam pelo jardim e
o Santana com os quatro pneus
furados abandonado ao lado do
casarão.
Ninguém pode visitar o prédio. Nem deve. Para conhecer o
quarto que era usado pelos governadores, no andar de cima, a
reportagem foi guiada. Há pontos em que não se pode pisar,
por não ser seguro.
Todos os móveis e imagens
sacras foram levados para o Palácio dos Bandeirantes em
2006. Só permanecem as lembranças do passado recente de
repartição pública: portas têm
placas de identificação, e paredes, marcas das baias.
No sótão, fios de eletricidade
estão à mostra. Foi nesse local
que ocorreu um incêndio em
1967 (leia mais no site).
A recuperação dos danos
causados pelo fogo terminou
em 1972. Depois de 36 anos, o
palácio pede nova intervenção.
Branco e ocre
Se a idéia for adiante, esta será a primeira vez que o Palácio
dos Campos Elíseos será restaurado, não apenas reformado. O objetivo é retomar as características da época da construção, concluída em 1899. O
casarão foi projetado pelo arquiteto alemão Mateus Häussler, que combinou renascentismo italiano e neoclássico francês.
"Mais fácil falar que é estilo
eclético", diz a arquiteta Mariana Rolim.
A cor da fachada resgatará o
fundo branco com detalhes em
ocre. Rolim diz que uma reforma na década de 1930 deu tons
verdes ao casarão.
Hoje, o palácio está bege.
Dinheiro via Lei Rouanet
Depois de a fundação ter captado a verba para o início das
obras, foi feita uma tomada de
preços, vencida pela Companhia de Restauro.
Os R$ 2.262.000 arrecadados
até agora para restauração da
fachada e da cobertura foram
obtidos via Lei Rouanet, que dá
incentivo fiscal para empresas
patrocinadoras de projetos culturais.
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