São Paulo, sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

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Plano fica pela metade e palácio no centro deve ter restauração de fachada

KARIN BLIKSTAD
PAULO HENRIQUE RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quatro anos após ter anunciado a recuperação do Palácio dos Campos Elíseos, o governo de São Paulo finalmente deu início às obras de restauração da antiga sede e residência oficial do Estado.
Desta vez, pela metade.
O investimento de R$ 5.309.951,30 -R$ 2.262.000 captados até agora- pagará a obra na fachada e na cobertura. O interior, abandonado, apresenta focos de cupim, fiação à mostra e buraco no assoalho do piso superior
As obras começaram no final de dezembro, depois de um ano de testes e estudos técnicos, segundo Mariana Rolim, da Fundação Patrimônio Histórico da Energia e Saneamento, que organiza o projeto. Os andaimes já foram montados.
O governo diz que a restauração externa impedirá mais deterioração por dentro, ao cessar infiltrações, por exemplo. Para especialistas ouvidos pela Folha, priorizar a parte externa não é problema.
Mas o destino do palácio vazio só será definido quando o interior for restaurado, na segunda etapa de obras, sem data marcada. Para começar as obras na parte interna, é preciso captar mais recursos.O restauro externo deve durar 18 meses.
O certo é que o prédio não vai abrigar novamente uma repartição pública. "Senão, começa a degradar tudo de novo", diz Sergio Tiezzi, chefe de gabinete da Secretaria de Desenvolvimento, órgão responsável pelo imóvel.
Até 2006, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Desenvolvimento Econômico e Turismo, hoje desmembrada, ocupava o casarão tombado. Em 2003, anunciado o restauro pela primeira vez, pensou-se na volta do gabinete do então governador, Geraldo Alckmin (PSDB), para o palácio. Mas a idéia foi descartada.

Casarão abandonado
O prédio está totalmente desocupado -a não ser pelos seguranças na guarita, os gatos que perambulam pelo jardim e o Santana com os quatro pneus furados abandonado ao lado do casarão.
Ninguém pode visitar o prédio. Nem deve. Para conhecer o quarto que era usado pelos governadores, no andar de cima, a reportagem foi guiada. Há pontos em que não se pode pisar, por não ser seguro.
Todos os móveis e imagens sacras foram levados para o Palácio dos Bandeirantes em 2006. Só permanecem as lembranças do passado recente de repartição pública: portas têm placas de identificação, e paredes, marcas das baias.
No sótão, fios de eletricidade estão à mostra. Foi nesse local que ocorreu um incêndio em 1967 (leia mais no site).
A recuperação dos danos causados pelo fogo terminou em 1972. Depois de 36 anos, o palácio pede nova intervenção.

Branco e ocre
Se a idéia for adiante, esta será a primeira vez que o Palácio dos Campos Elíseos será restaurado, não apenas reformado. O objetivo é retomar as características da época da construção, concluída em 1899. O casarão foi projetado pelo arquiteto alemão Mateus Häussler, que combinou renascentismo italiano e neoclássico francês.
"Mais fácil falar que é estilo eclético", diz a arquiteta Mariana Rolim.
A cor da fachada resgatará o fundo branco com detalhes em ocre. Rolim diz que uma reforma na década de 1930 deu tons verdes ao casarão.
Hoje, o palácio está bege.

Dinheiro via Lei Rouanet
Depois de a fundação ter captado a verba para o início das obras, foi feita uma tomada de preços, vencida pela Companhia de Restauro.
Os R$ 2.262.000 arrecadados até agora para restauração da fachada e da cobertura foram obtidos via Lei Rouanet, que dá incentivo fiscal para empresas patrocinadoras de projetos culturais.


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