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Panfleto assinado pelo CV culpa polícia
DA SUCURSAL DO RIO
Um panfleto assinado pelo Comando Vermelho qualifica as
ações de ontem como um protesto contra a violência policial nas
favelas do Rio.
De acordo com o panfleto, uma
"política opressora e covarde"
impõe "o terror nas comunidades
carentes, mandando os seus vermes subordinados policiais invadir as favelas (...), causando a
morte de muitos inocentes".
O texto, de uma página, diz que
ainda que "os verdadeiros marginais não estão nas favelas e nem
atrás das grades e, sim, no alto escalão da política". Cita "o nosso
presidente Luiz Inácio Lula da Silva" como a pessoa com que o país
conta "para sair dessa lama".
A carta é assinada com a sigla
CVRL -Comando Vermelho
Rogério Lengruber, em referência
a Rogério Lengruber, o Bagulhão,
um dos fundadores da facção,
morto no início dos anos 90.
O texto foi distribuído em diferentes pontos do Rio. Em Ipanema (zona sul), um homem que
disse ser comerciante do ramo de
vestuário entregou uma cópia à
reportagem. Ele afirmou que outro comerciante do bairro recebeu o manifesto por fax.
Em Bonsucesso (zona norte), a
Folha recebeu cópia do panfleto
de um trocador de um dos ônibus
incendiados em Benfica (zona
norte). O panfleto também foi entregue aos jornalistas pelo secretário estadual de Segurança Pública, coronel Josias Quintal.
O manifesto critica a lentidão
do Judiciário e defende os advogados. Advogados de chefes do
tráfico têm sido acusados de ser
pombos-correios dos clientes.
"Está na hora de reagir com firmeza e determinação e mostrar a
essa política nojenta e opressora
que merecemos ser tratados com
respeito, dignidade e igualdade,
porque, se isso não acontecer, não
mais deixaremos de causar o caos
nesta cidade", ameaça o texto.
O CV surgiu da Falange Vermelha, formada nos anos 70 no presídio da Ilha Grande (litoral sul) a
partir do contato de presos políticos com presos comuns. Nos anos
80, o CV tinha como principais líderes o Bagulhão e José Carlos dos
Reis Encina, o Escadinha. Além
de praticar o tráfico de drogas e
assaltos a bancos, a facção adotava uma política assistencialista
nas comunidades que dominava.
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