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São Paulo, terça-feira, 25 de fevereiro de 2003

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Panfleto assinado pelo CV culpa polícia

DA SUCURSAL DO RIO

Um panfleto assinado pelo Comando Vermelho qualifica as ações de ontem como um protesto contra a violência policial nas favelas do Rio.
De acordo com o panfleto, uma "política opressora e covarde" impõe "o terror nas comunidades carentes, mandando os seus vermes subordinados policiais invadir as favelas (...), causando a morte de muitos inocentes".
O texto, de uma página, diz que ainda que "os verdadeiros marginais não estão nas favelas e nem atrás das grades e, sim, no alto escalão da política". Cita "o nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva" como a pessoa com que o país conta "para sair dessa lama".
A carta é assinada com a sigla CVRL -Comando Vermelho Rogério Lengruber, em referência a Rogério Lengruber, o Bagulhão, um dos fundadores da facção, morto no início dos anos 90.
O texto foi distribuído em diferentes pontos do Rio. Em Ipanema (zona sul), um homem que disse ser comerciante do ramo de vestuário entregou uma cópia à reportagem. Ele afirmou que outro comerciante do bairro recebeu o manifesto por fax.
Em Bonsucesso (zona norte), a Folha recebeu cópia do panfleto de um trocador de um dos ônibus incendiados em Benfica (zona norte). O panfleto também foi entregue aos jornalistas pelo secretário estadual de Segurança Pública, coronel Josias Quintal.
O manifesto critica a lentidão do Judiciário e defende os advogados. Advogados de chefes do tráfico têm sido acusados de ser pombos-correios dos clientes.
"Está na hora de reagir com firmeza e determinação e mostrar a essa política nojenta e opressora que merecemos ser tratados com respeito, dignidade e igualdade, porque, se isso não acontecer, não mais deixaremos de causar o caos nesta cidade", ameaça o texto.
O CV surgiu da Falange Vermelha, formada nos anos 70 no presídio da Ilha Grande (litoral sul) a partir do contato de presos políticos com presos comuns. Nos anos 80, o CV tinha como principais líderes o Bagulhão e José Carlos dos Reis Encina, o Escadinha. Além de praticar o tráfico de drogas e assaltos a bancos, a facção adotava uma política assistencialista nas comunidades que dominava.


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