São Paulo, quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

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CARNAVAL

Ao lado da Mangueira e da Imperatriz Leopoldinense, escola levou luxo e empolgação à Sapucaí; apuração começa hoje às 15h

No Rio, Viradouro também entra no páreo

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

Penúltima a desfilar no segundo dia do Grupo Especial do Rio, a Unidos da Viradouro deixou a avenida como forte candidata ao título deste ano. A escola conseguiu conciliar luxo e empolgação ao reeditar o enredo "A Festa do Círio de Nazaré", da Unidos de São Carlos, de 1975.
A Mangueira, que desfilou no domingo, e a Imperatriz Leopoldinense, a terceira escola de segunda, também estão no páreo -pelo luxo de suas alegorias e fantasias. Com sambas antigos, a Tradição e, especialmente, o Império Serrano animaram o público. Mas fizeram desfiles pobres.
Campeã do ano passado, a Beija-Flor teve problemas por causa da chuva da madrugada de ontem e poderá perder pontos importantes, principalmente em alegorias e fantasias. A água danificou um carro da escola, deixando parte da estrutura à mostra. Uma baiana escorregou na pista e caiu em frente à cabine de jurados.
A Mocidade, última do Grupo Especial a se apresentar, fez um desfile correto sobre a prevenção de acidentes de trânsito. Em 2003, já havia optado por um tema educativo, a doação de órgãos.
A Viradouro entrou na Sapucaí surpreendendo pela plasticidade. A comissão de frente, coreografada por Deborah Colker, da companhia de dança que leva seu nome, trouxe bailarinos que saíam de uma casa com uma corda, abrindo caminho para a escola. À frente, os atores Murilo Rosa e Cássia Kiss, grávida de sete meses, como personagens centrais.
A corda é o símbolo maior da fé dos romeiros do Círio de Nazaré e a casa, seu pedido mais comum. Na procissão paraense, os fiéis lutam para segurar na corda que circunda o carro com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré.
Dezenas de pessoas caracterizados de romeiros -com barcos e casas na cabeça, pedidos à santa- seguiam a comissão de frente. Os componentes faziam gestos de verenação, com os braços levantados para o alto, durante o refrão do samba - "Ó, Virgem Santa, olhai por nós/Olhai por nós, ó, Virgem Santa/pois precisamos de paz".
A bateria da Viradouro também seguiu uma coreografia. Os ritmistas se ajoelhavam na Sapucaí cada vez que o refrão era cantado.
Com um enredo sobre a história do pau-brasil, a Imperatriz Leopoldinense foi quase perfeita. Diretores da escola tiveram trabalho para separar componentes de alas diferentes que insistiam em desfilar juntos. Isso poderá lhe tirar pontos de harmonia.
A carnavalesca Rosa Magalhães mostrou outra vez que sabe combinar cores. Alas em tons de lilás, roxo e vermelho produziram belos efeitos na avenida, assim como o abre-alas, com uma bruxa misturando um caldeirão, e o último carro, inspirado na obra do arquiteto espanhol Antonio Gaudí.
A Império Serrano, que reeditou a "Aquarela Brasileira", samba de 1964 e considerado um dos mais bonitos da história dos desfiles, foi recebida na Praça da Apoteose com gritos de "é campeã". Mas a escola, que enfrenta problemas financeiros, veio com alegorias e fantasias pouco sofisticadas. A porta-bandeira caiu em frente aos jurados. A Tradição esteve melhor, mas também não contou com o luxo de uma Mangueira.
A verde-e-rosa brilhou no domingo ao falar do caminho do ouro, que ligava Minas ao Rio no século 18. Chamaram a atenção a comissão de frente, coreografada pelo dançarino Carlinhos de Jesus, e os carros alegóricos bem acabados. Um deles trazia réplicas em movimento dos profetas de Aleijadinho.
A Portela, que fechou o desfile de domingo, veio com um samba antigo: "Lendas e Mistérios da Amazônia", de 1970, último ano em que a azul-e-branco de Madureira (zona norte) ganhou um campeonato sozinha. A escola passou animada, mas sem luxo.
Outra que se destacou e pode ficar entre as cinco que estarão no desfile das campeãs, sábado, é a Unidos da Tijuca, que mostrou criatividade num enredo sobre a ciência. A apuração acontece hoje, a partir das 15h.


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