São Paulo, sábado, 25 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CARNAVAL 2006

Além da falta de tradição, escolas que se apresentam no Sambódromo do Anhembi também tentarão driblar a falta de recursos

Desfile de hoje concentra "sem-títulos"

LUCAS NEVES
DANIELA TÓFOLI

DA REPORTAGEM LOCAL

Depois do luxo da primeira noite do Carnaval paulistano, as escolas que desfilarão hoje vão tentar driblar a falta de recursos e tradição para disputar o título. No grupo, há apenas uma vencedora na competição -a X-9 Paulistana, que ganhou em 1997 e 2000.
A Leandro de Itaquera, por exemplo, gastou menos de R$ 500 mil. "Queríamos R$ 1 milhão, mas, com as dificuldades, devemos fechar em meio milhão", diz Leandro Martins, presidente da escola. A Leandro, que falará sobre as festas populares às margens do rio Tietê e exibirá bonecos do governador Geraldo Alckmin e do prefeito José Serra (ambos do PSDB), é a escola do Grupo Especial com menos recursos.
No desfile de ontem, o menor orçamento foi o da Camisa Verde e Branco (R$ 600 mil); o maior, da Gaviões da Fiel (aproximadamente R$ 3 milhões).
Pouco dinheiro e menos tradição, no entanto, não querem dizer falta de condições de levar o título de 2006. No ano passado, a Império de Casa Verde (que desfilou ontem) venceu o Carnaval pela primeira vez.
Com enredo sobre a agricultura, a Acadêmicos do Tucuruvi gastará cerca de R$ 1 milhão -parte doada pela Federação da Agricultura do Estado de São Paulo. "Apostamos em um Carnaval técnico. Não temos condições de disputar com as grandes", diz Eduardo Caetano, carnavalesco.
Também com um orçamento de cerca de R$ 1 milhão, a Águia de Ouro falará sobre os direitos das crianças. Outra que gastará esse valor será a Mancha Verde, com um enredo sobre os injustiçados e perseguidos, como Jesus Cristo. A agremiação levará à avenida homens-bomba e 40 odaliscas que representam o comitê de recepção aos mártires no céu.
Com orçamento de R$ 1,2 milhão, a X-9 Paulistana, segunda colocada no ano passado, contará a história da incógnita X do início da humanidade até o X-burguer.
A Unidos do Peruche, primeira a desfilar, às 22h15, gastou entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão e homenageará Santos Dumont.
Segunda a desfilar, a Tom Maior, que enfocará o Piauí, promete levar para a avenida Frank Aguiar, o rei do forró. Alguns de seus carros alegóricos foram feitos de palha de carnaúba, elemento característico da região. O material elevou o custo da apresentação para R$ 1,8 milhão, sendo que o governo piauiense contribuiu com R$ 200 mil, diz o carnavalesco Marco Aurélio Rufim.
O orçamento da Tom Maior só será superado, hoje, pelo da Unidos de Vila Maria, com gastos de R$ 1,9 milhão. A escola homenageará os transportadores e terá um abre-alas de cem metros de comprimento representando uma caravela. Apesar do orçamento inflado, é no desempenho dos integrantes que a agremiação deposita sua maior esperança. "O destaque é a comunidade", diz o carnavalesco Wagner Santos.
Ainda é possível comprar entrada para assistir aos desfiles de hoje, diferentemente da apresentação de ontem, que teve seus ingressos rapidamente esgotados.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Manhã será o pior horário para viajar hoje
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.