São Paulo, quarta, 25 de fevereiro de 1998

Próximo Texto | Índice

Viradouro deve repetir vitória de 97, mas Mangueira pode barrar bicampeonato

MÁRIO MOREIRA
CRISTINA GRILLO

da Sucursal do Rio

Patricia Santos/Folha Imagem
A atriz e modelo Paula Burlamaqui, destaque do desfile da Viradouro


A Unidos do Viradouro é a favorita para ganhar o Carnaval carioca de 98. Atual campeã, a escola de Niterói foi a que melhor se apresentou na segunda noite dos desfiles do Grupo Especial, arrancando da platéia gritos de "Bicampeã!".
A Viradouro apresentou o enredo "Orfeu, o Negro do Carnaval", do carnavalesco Joãosinho Trinta, uma adaptação do mito do deus grego da música, Orfeu, à realidade de uma favela carioca.
A Mangueira, que também desfilou na segunda-feira, é outra com boas chances. A escola verde e rosa emocionou o público com seu enredo em homenagem ao compositor Chico Buarque, cuja presença no último carro alegórico arrancou muitos aplausos -e suspiros- em todo o Sambódromo.
Com um desfile empolgante na noite de domingo, sobre o líder comunista Luiz Carlos Prestes, a Acadêmicos do Grande Rio pode ser a surpresa do Carnaval 98. Deve ficar entre as primeiras.
Escolas de mais nome, como Imperatriz Leopoldinense e Mocidade Independente, até podem levar o título, se os jurados forem adeptos do desfile "tecnicamente perfeito": sem errar e sem empolgar.
No quesito frieza, a Imperatriz ainda sobressaiu por ter desfilado entre a Mangueira e a Viradouro, as duas que mais empolgaram na segunda-feira.
Desânimo
A falta de empolgação foi, aliás, a tônica da maior parte dos desfiles deste ano. A maioria das escolas passou pela Marquês de Sapucaí sem que o público esboçasse qualquer reação.
Mesmo a Viradouro não chegou a repetir, em qualidade, o desfile campeão do ano passado, quando o enredo "Trevas! Luz! A Explosão do Universo" causou, ao mesmo tempo, impacto e surpresa.
Os sambas, em geral fracos, contribuíram para o desânimo. Os poucos de refrão forte, como os da Viradouro e Grande Rio, tiveram boa resposta do público.
Até as baterias foram menos inventivas que em outros anos. A da União da Ilha foi a única a usar um ritmo novo, puxado para o afoxé, em determinado trecho do samba. Na Viradouro, mestre Jorjão fez apenas uma adaptação da batida funk já exibida no ano passado.
Esteticamente, foi um ano de pouquíssimas novidades. A principal, do carnavalesco Max Lopes, da Grande Rio, foi dar ao desfile um tom marcial, com tanques no abre-alas e componentes vestidos de guerrilheiros.
Depois que Joãosinho Trinta vestiu uma ala inteira de preto no desfile da Viradouro em 97, subiu na cotação dos carnavalescos o uso dessa cor nas fantasias. Duas escolas, Mocidade e Tradição, vestiram de preto suas baterias.
Segunda-feira
De modo geral, o desfile de segunda-feira superou largamente o de domingo em qualidade de desfile e empolgação do público no Sambódromo.
Escolas "pequenas", como Tradição e Unidos da Tijuca, ao menos transmitiram animação, coisa que a "grande" Beija-Flor não conseguiu.
O desfile foi encerrado pela União da Ilha, que, ajudada por um bom samba e uma ótima bateria, passou de maneira alegre.



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.