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CRISE NO RIO
Investigações concluem que chefe de Polícia Civil não tem em seu nome franquias de alimentação
Acusação a policial é falha, diz comissão
SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio
A comissão que investiga irregularidades cometidas por policiais concluiu que o chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rafik
Louzada, não tem em seu nome
uma franquia de rede de lanchonetes, ao contrário do que acusou
o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador da Secretaria
da Segurança Pública do Rio.
Os membros da comissão
-formada por representantes da
Procuradoria Geral de Justiça, Polícia Militar e Polícia Civil- estão
agora investigando cerca de 30
parentes de Louzada em busca da
comprovação da veracidade da
acusação de Soares.
Levantamento realizado pela
comissão em três redes de lanchonetes (McDonald's, Bob's e Habib's) indicou que não há franquia em nome do chefe de polícia.
A comissão ainda não obteve
respostas sobre todos os parentes
de Louzada, mas a Folha apurou
que seus integrantes consideram
remota a possibilidade de a acusação de Soares ser comprovada.
McDonald's
Dossiê feito pelo ex-coordenador antes de ser demitido pelo governador Anthony Garotinho
(PDT), na semana passada, informa que o policial comprou há cerca de seis meses, por R$ 300 mil,
uma franquia do McDonald's.
O dinheiro, segundo a denúncia, seria proveniente de extorsões praticadas pelo policial.
Na acusação, o ex-coordenador
afirma que o detetive Fernando
César Barbosa e o inspetor José
Carlos Guimarães também teriam adquirido franquias da lanchonete . Ambos são policiais da
confiança de Louzada e, a pedido
da comissão, foram afastados do
serviço policial pelo governador.
As franquias ficariam nos bairros de Bonsucesso (zona norte),
Padre Miguel e Santa Cruz (zona
oeste), de acordo com o dossiê.
A comissão já apurou que não
há franquias em nome de Barbosa e de Guimarães. À comissão,
os três acusados disseram não ter
comprado os negócios.
Investigar Louzada é a prioridade da comissão. Garotinho recebeu do Ministério Público a
promessa de que até a quinta-feira serão apresentados resultados
da apuração.
No dossiê, Soares afirma que
Louzada viajou várias vezes aos
EUA no ano passado. A informação é falsa, concluiu a comissão.
A última viagem do policial aos
EUA teria ocorrido em 1992.
O chefe de Polícia Civil continua sendo investigado por outra
acusação: a de que teria recebido
dinheiro de extorsão praticada
por policiais contra o traficante
conhecido por Lobão, da favela
da Rocinha (zona sul do Rio).
Soares teria prometido apresentar novas informações sobre a
denúncia à comissão, mas viajou
para os EUA, onde anunciou que
não prestará depoimento.
A comissão ouviu ontem Julita
Lemgruber, ex-ouvidora da Secretaria da Segurança.
Ela apresentou relatório com
101 denúncias consideradas graves contra policiais civis e militares. Lemgruber afirmou que as
Corregedorias da Polícia Civil e
da Polícia Militar foram inoperantes na apuração das denúncias recolhidas pela Ouvidoria da
Secretaria da Segurança.
À tarde, com base no depoimento da ex-ouvidora, a secretaria anunciou que quatro policiais
militares tinham sido presos.
Lemgruber voltou a se queixar
do comportamento das corporações na apuração das denúncias.
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