São Paulo, sábado, 25 de março de 2000


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CRISE NO RIO
Investigações concluem que chefe de Polícia Civil não tem em seu nome franquias de alimentação
Acusação a policial é falha, diz comissão

SERGIO TORRES
da Sucursal do Rio

A comissão que investiga irregularidades cometidas por policiais concluiu que o chefe de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rafik Louzada, não tem em seu nome uma franquia de rede de lanchonetes, ao contrário do que acusou o antropólogo Luiz Eduardo Soares, ex-coordenador da Secretaria da Segurança Pública do Rio.
Os membros da comissão -formada por representantes da Procuradoria Geral de Justiça, Polícia Militar e Polícia Civil- estão agora investigando cerca de 30 parentes de Louzada em busca da comprovação da veracidade da acusação de Soares.
Levantamento realizado pela comissão em três redes de lanchonetes (McDonald's, Bob's e Habib's) indicou que não há franquia em nome do chefe de polícia.
A comissão ainda não obteve respostas sobre todos os parentes de Louzada, mas a Folha apurou que seus integrantes consideram remota a possibilidade de a acusação de Soares ser comprovada.

McDonald's
Dossiê feito pelo ex-coordenador antes de ser demitido pelo governador Anthony Garotinho (PDT), na semana passada, informa que o policial comprou há cerca de seis meses, por R$ 300 mil, uma franquia do McDonald's.
O dinheiro, segundo a denúncia, seria proveniente de extorsões praticadas pelo policial.
Na acusação, o ex-coordenador afirma que o detetive Fernando César Barbosa e o inspetor José Carlos Guimarães também teriam adquirido franquias da lanchonete . Ambos são policiais da confiança de Louzada e, a pedido da comissão, foram afastados do serviço policial pelo governador.
As franquias ficariam nos bairros de Bonsucesso (zona norte), Padre Miguel e Santa Cruz (zona oeste), de acordo com o dossiê.
A comissão já apurou que não há franquias em nome de Barbosa e de Guimarães. À comissão, os três acusados disseram não ter comprado os negócios.
Investigar Louzada é a prioridade da comissão. Garotinho recebeu do Ministério Público a promessa de que até a quinta-feira serão apresentados resultados da apuração.
No dossiê, Soares afirma que Louzada viajou várias vezes aos EUA no ano passado. A informação é falsa, concluiu a comissão. A última viagem do policial aos EUA teria ocorrido em 1992.
O chefe de Polícia Civil continua sendo investigado por outra acusação: a de que teria recebido dinheiro de extorsão praticada por policiais contra o traficante conhecido por Lobão, da favela da Rocinha (zona sul do Rio).
Soares teria prometido apresentar novas informações sobre a denúncia à comissão, mas viajou para os EUA, onde anunciou que não prestará depoimento.
A comissão ouviu ontem Julita Lemgruber, ex-ouvidora da Secretaria da Segurança.
Ela apresentou relatório com 101 denúncias consideradas graves contra policiais civis e militares. Lemgruber afirmou que as Corregedorias da Polícia Civil e da Polícia Militar foram inoperantes na apuração das denúncias recolhidas pela Ouvidoria da Secretaria da Segurança.
À tarde, com base no depoimento da ex-ouvidora, a secretaria anunciou que quatro policiais militares tinham sido presos.
Lemgruber voltou a se queixar do comportamento das corporações na apuração das denúncias.


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