|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Resultado da conversa pode ser positivo
DA REPORTAGEM LOCAL
Se as situações com que lidam
os voluntários do CVV são sempre difíceis, exigem um alto grau
de dedicação e compreensão, seu
desfecho muitas vezes pode ser altamente gratificante para quem
resolveu destinar parte de seu
tempo para ouvir uma pessoa em
situação de desespero.
Numa tarde de sexta-feira, a Folha presenciou uma situação nesses moldes. Acompanhou o trabalho da voluntária Iracema (advogada, 50 anos) no posto do Jabaquara. Presenciou ela realizando dois atendimentos. No primeiro era um homem que já havia telefonado várias vezes antes, sempre com problemas de inadequação no trabalho. Sua queixa era no
sentido de que nunca conseguia
emprego ou qualquer atividade
que garantisse sua sobrevivência.
Mas a conversa desse dia foi diferente: "Depois de muitas ligações, ele resolveu se tornar um voluntário. Ligou para saber o que
era preciso, como eram os cursos,
como a gente lidava com as outras
pessoas que ligavam. Ou seja, resolveu enfrentar seus problemas
mudando de lado, ouvindo outras pessoas falando sobre os problemas delas".
O telefonema seguinte que Iracema recebeu (aliás imediatamente após o anterior, porque,
ali, o telefone não pára) foi o de
uma mulher que se dizia desiludida com o ser humano. "Ela acreditava muito numa pessoa que
tentou passá-la para trás. Ligou
para cá apenas para dizer isso, para desabafar. E é claro que foi
muito bom para ela", disse Iracema, satisfeita.
Há ainda casos extremos, em o
telefonema não é para falar de nenhuma desgraça ou ameaça de
suicídio. Mas para compartilhar
alguma alegria.
Há dois casos recentes: num deles um pai eufórico telefonou apenas para relatar que a sua filha tinha sido aprovada num exame
vestibular.
No outro, um imigrante nordestino morador de São Paulo,
pobre, acabara de ser pai. Não tinha dinheiro para fazer um telefonema interurbano para a sua terra. Ligou para o CVV e, feliz, contou a boa-nova para o voluntário
de plantão.
(LC)
Texto Anterior: Entidade sobrevive só de colaboração Próximo Texto: Saúde: 2,5 milhões podem descobrir diabetes Índice
|