São Paulo, terça, 25 de março de 1997.

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SAÚDE
Atuação vai se concentrar em 250 cidades, que reúnem 75% dos doentes do país; 44 mil agentes serão treinados
Governo anuncia ação contra tuberculose

da Sucursal de Brasília

Pelo menos 25% da população brasileira carrega o bacilo da tuberculose, embora apenas 120 mil desenvolvam a doença por ano e 6.000 morram vítimas dela.
Para reverter a tendência de aumento de infectados pela tuberculose, o Ministério da Saúde vai concentrar suas ações em 97 nos 250 municípios que concentram 75% dos cerca de 96 mil novos casos da doença registrados no ano passado.
O anúncio foi feito ontem em Brasília durante a comemoração do Dia Mundial de Combate à Tuberculose.

Capitais
As capitais brasileiras concentram cerca de 40% dos portadores de tuberculose no país. A região Sudeste é a mais afetada, com 43,2 mil casos registrados em 95.
Os Estados que tiveram maior número de casos em 95 foram São Paulo (18,2 mil) e Rio (16,8 mil).
Nesses dois Estados, os municípios escolhidos para serem beneficiados pelo plano emergencial ficam na região metropolitana ou têm grande incidência de Aids (doentes de Aids são mais sujeitos à tuberculose).
Entre eles estão Santos, São Vicente, Santo André, Diadema, Guarulhos, Osasco, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo (em São Paulo) e Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Niterói, Belford Roxo e São João do Meriti (no Rio).
A meta do plano emergencial é detectar 90% dos novos casos nos 250 municípios escolhidos, além de curar 85% desses casos.
O governo federal vai repassar em 97 R$ 17 milhões aos Estados e municípios para a compra de medicamentos, treinamento de pessoal e aumento da capacidade laboratorial.
``Quanto mais cedo detectarmos os novos casos, melhor. O doente terá infectado menos gente e a chance de cura será maior'', afirma Elisa de Sá, presidente da FNS (Fundação Nacional da Saúde).
O abandono de tratamento é apontado como principal empecilho à redução dos casos de tuberculose e dos óbitos.
Em média, 14% dos pacientes não completam o tratamento, que tem duração de seis meses, embora a distribuição seja gratuita.
Em alguns municípios, a taxa de abandono sobe para 25% dos pacientes que iniciam o tratamento.
``Não adianta só colocar os remédios à disposição da população. É preciso fazer com eles que cheguem até os doentes durante todos os seis meses de duração do tratamento'', disse Elisa de Sá.
Para reduzir o índice de abandono e diagnosticar mais cedo os novos casos de tuberculose, a FNS vai treinar os 44 mil agentes comunitários de saúde. ``Podemos ensiná-los a colher as lâminas com amostra de sangue que serão examinadas'', disse Elisa.

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