São Paulo, Quinta-feira, 25 de Março de 1999 |
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ACIDENTE Identificação deverá ser feita no IML; procura pelo segundo corpo ainda continua; empresa nega falta de segurança Sabesp localiza um corpo em tubulação
da Reportagem Local Técnicos da Sabesp encontraram ontem um corpo que deve ser o de um dos dois rapazes que haviam desaparecido no sábado no reservatório de água do Jabaquara (região sudoeste). O corpo foi encontrado a cerca de 600 m a 800 m do reservatório, dentro da tubulação. No final da tarde de ontem, os técnicos ainda cortavam o tubo para retirar o corpo e levá-lo ao IML para tentar fazer uma identificação. Para chegar ao local em que foi encontrado, o corpo passou por dez curvas da tubulação, sendo duas de 45 e as restantes de 90. Pela posição em que foi encontrado, acredita-se que ele tenha sido sugado pelos quadris e seguido "dobrado" pelo cano que passou de 600 mm de diâmetro até 400 mm. A pressão que "puxa" a água do reservatório para a tubulação e teria sugado Thiago Prado Corrêa, 15, e Jackson Lopes da Silva, 25, enquanto nadavam no local, é de 16 metros de coluna de água, ou seja, o suficiente para fazer a água subir a uma altura de 15 m. Até as 19h de ontem, o outro corpo ainda não havia sido localizado, mas o perito da Polícia Civil, Antonio Carlos Petrocelli, acredita que ele tenha seguido um caminho oposto, virando à esquerda na tubulação que sai do reservatório e não à direita como ocorreu com o corpo já localizado (veja quadro). Isso porque anteontem foram encontrados um fragmento que se assemelha a um pedaço de pele (ainda em averiguação em laboratório) e marcas parecidas com a de dedos dentro dessa tubulação à esquerda do reservatório. "É provável que eles tenham se separado, também pode ser, pelas marcas semelhantes a dedos, que estavam vivos pelo menos até um percurso da tubulação de cerca de 60 m", disse Petrocelli. O avô de Thiago, Wanderley Prado, caiu em prantos no local em que foi encontrado o corpo ontem. Segundo a tia de Thiago, Luciana Prado, a mãe do garoto já teve de ser levada ao hospital duas vezes. A família diz que não havia no reservatório da Sabesp nenhuma segurança e que os garotos da região sempre iam nadar no local. Roger Marcellino, 42, e Ademir Moraes, 21, que moram na rua em frente ao reservatório dizem que o local é conhecido como "sete praias" e que os adolescentes chegam a levar máscara de mergulho. A Sabesp nega. Segundo seu gerente de comunicação, Marcio Riscala, para chegar lá, os dois rapazes pularam uma grade de lanças, arrombaram o cadeado da porta de aço, subiram duas escadas estreitas (uma de marinheiro) e retiraram um alçapão de 40 kg. Petrocelli confirma que havia marcas de outros arrombamentos, mas disse que a Sabesp colocou no local "muitos obstáculos a serem superados", o que caracterizaria que não havia falta de segurança. Texto Anterior: Inculta & bela - Pasquale Cipro Neto: Prever, prover, provir Próximo Texto: Cerca de 100 mil continuam sem água Índice |
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