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SEXUALIDADE
Conselho define atitude de psicólogo
Norma orienta sobre homossexualismo
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
Psicólogos que tratarem a homossexualidade como doença ou
contribuírem, de qualquer forma,
para a discriminação ou estigmatização dos homossexuais, serão punidos pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP). Uma norma de
conduta sobre a questão acaba de
ser divulgada pelo conselho em
forma de resolução.
Ana Mercês Bahia Bock, presidente do CFP, disse que os princípios da norma já constam do código de ética dos psicólogos e que a
resolução não significa que estaria
havendo desobediência. "O que há
é uma inquietação na sociedade
em torno de práticas sexuais desviantes da norma estabelecida e os
psicólogos podem e devem contribuir para o esclarecimento e a superação de preconceitos e discriminações", disse.
A necessidade do debate e da resolução -segundo a presidente-
surgiu de denúncias feitas por grupos homossexuais, especialmente
depois da realização do 3º Encontro Cristão sobre Homossexualismo, em junho passado, em Viçosa
(MG). O encontro teve o apoio do
Corpo de Psicólogos e Psiquiatras
Cristão (CPPC), uma entidade que
reúne mais de 300 profissionais e
cuja proposta é "ajudar pessoas
que estejam em crise de identidade
sexual".
O psicólogo Guilherme Falcão,
um dos diretores do CPPC, disse
ontem que "a resolução ainda será
debatida internamente".
Outra preocupação do Conselho
de Psicólogos é com profissionais
que sugerem a "cura" da homossexualidade na mídia e na Internet.
O psicólogo , melhor que qualquer outro profissional, sabe que a
homossexualidade não constitui
doença ou perversão e que não deve passar ao paciente suas crenças
e preconceitos.
Na prática, o conselho tem pouca
informação e quase nenhum controle sobre o que acontece entre as
quatro paredes dos consultórios
dos cerca de 70 mil psicólogos na
ativa. Em princípio -diz a presidente Ana Bock-, todo paciente
que se sentir prejudicado pela conduta de seu psicólogo pode levar
sua queixa ao conselho. Quase ninguém faz isso: o conselho regional
de São Paulo, onde estão 48% dos
psicólogos, tem apenas 15 processos éticos em andamento. A título
de comparação, o CRM, conselho
dos médicos de São Paulo, recebeu
1.874 denúncias no ano passado.
Um levantamento que vem sendo conduzido pela Rede de Informação Um Outro Olhar, ONG que
reúne lésbicas, revela que falhas de
condutas, preconceito e discriminação contra homossexuais são
frequentes. "Das cerca de 550 lésbicas que fizeram ou fazem análise, 40% não informaram sua opção
sexual por temer alguma reação",
diz Luiza Granado, uma das coordenadores da ONG. Essas pacientes foram cuidadas -ou estão sendo cuidadas- como se fossem heterossexuais.
Dentre as pacientes que revelaram ser lésbicas, mais da metade
relataram ter sofrido algum tipo de
preconceito, afirma Luiza.
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