São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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Diocese é responsável pelo caso, diz CNBB

DA FOLHA RIBEIRÃO

A responsabilidade pelo caso de Franca é do próprio padre e da diocese à qual ele pertence, segundo a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
O bispo de Blumenau (SC) e responsável pelo setor de Vocações e Ministério da CNBB, dom Angélico Sândalo Bernardino, afirmou que o padre envolvido em casos como esse pode continuar na função se quiser, mas terá sua responsabilidade diminuída.
"Ele [o padre] pode se reequilibrar. Não tem problema ele continuar no ministério, desde que tenha o acompanhamento de um padre. Ele terá uma responsabilidade menor, pelo menos por um bom tempo, até que mostre que refez a vida. Não poderá, por exemplo, assumir a responsabilidade por uma paróquia", disse dom Angélico, que já foi padre em Ribeirão Preto (314 km de São Paulo) nos anos 60 e 70.
Para dom Angélico, o padre Heliberto Santos, de Franca, terá de assumir a responsabilidade com a menor grávida. "A menor tem de ter toda a segurança que a lei lhe faculta. Em um caso desses, a gente pergunta: você quer casar, meu filho? Se ele disser que não, eu não posso obrigá-lo. Nesse caso, a igreja tem de possibilitar ao padre uma revisão, mas, mesmo assim, ele tem de assumir todos os ônus com a família da moça."
Para ele, o caso é semelhante ao de qualquer homem casado e com filhos que se apaixona por outra mulher. "Há inúmeros casos que acontecem com pessoas boas casadas. É um acidente, mas ele pode se reequilibrar", afirmou.
Para dom Angélico, foi bom para o padre ter saído de Franca, procedimento que ele diz ser comum na igreja. O bispo de Blumenau afirmou que é favorável à abertura da igreja para padres casados. "O celibato é um dom. Podemos, ao lado de padres celibatários, ter a possibilidade de que a igreja permita que pessoas casadas sejam ordenadas padres."
Ele ressalvou, porém, que não é favorável a essa abertura por causa do crescimento dos escândalos sexuais que têm envolvido a igreja atualmente, mas sim porque a "igreja primitiva permitia". De acordo com ele, nos ritos da Igreja Católica oriental já existe essa permissão, coisa que não acontece na igreja de rito latino.



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