São Paulo, quinta-feira, 25 de abril de 2002

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DE OLHO NA URNA

Alckmin afirma que prefeitura não cedeu áreas para CDPs; secretário de Marta diz que governo rejeitou proposta

Segurança põe fim à trégua entre PT e PSDB

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

As discussões sobre segurança pública, um dos temas centrais da próxima campanha eleitoral, deflagraram o fim da trégua entre o governo do Estado, do PSDB, e a Prefeitura de São Paulo, do PT.
Depois de alguns ensaios para uma possível parceria no combate à criminalidade, que é o ponto mais vulnerável da administração tucana, o governador Geraldo Alckmin e o secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, partiram para o ataque ontem.
Os dois criticaram a prefeitura por não ceder áreas municipais para a construção de CDPs (Centros de Detenção Provisória) e unidades da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor). Na segunda-feira, Abreu Filho também condenou o projeto da prefeita Marta Suplicy (PT) de criar uma secretaria municipal da segurança pública.
"Infelizmente, aqui em São Paulo, pedimos isso [cessão de áreas" à prefeitura, e não nos foi dado um terreno", afirmou Alckmin. Segundo ele, a cessão de áreas vai apressar a desativação das carceragens dos DPs e diminuir a superlotação nos presídios.
"Na primeira reunião que tivemos [começo do ano passado", colocamos três áreas nas quais a prefeitura não precisaria entrar com dinheiro, só com terreno: enchentes, habitação e CDPs. Nessa área [CDPs", não conseguimos", disse Alckmin. Segundo ele, cada novo CDP pode significar a desativação de seis carceragens de distrito. Dos 93 DPs em São Paulo, 67 ainda abrigam presos.
O secretário afirmou que pede área municipal desde a época que presidia a Febem (de janeiro de 2001 a janeiro de 2002). "As novas unidades da Febem têm a área de um campo de futebol. É razoável não ter um campo de futebol [para ceder"?", questionou.
O governo Alckmin tenta agora dividir a responsabilidade pelo aumento da criminalidade. "Sozinho? O que é isso? Santo milagreiro", disse Abreu Filho, ao reclamar da falta de apoio das prefeituras. "O Estado entra com tudo, e a prefeitura só aponta o terreno. Não é razoável essa parceria? Então não sei o que é."
Na primeira crítica de Abreu Filho, sobre criação da secretaria municipal de segurança, o secretário de Governo da prefeitura, Rui Falcão, evitou a polêmica e não quis comentar. Ontem, porém, Falcão informou, por meio de uma nota oficial, que as ações de combate à violência "devem ser combinadas com programas sociais de erradicação da miséria, como o Renda Mínima, o Bolsa Trabalho e o Começar de Novo".
Segundo a mesma nota, a prefeita combinou com Alckmin uma ação na qual o Estado entraria com reforço do policiamento e o município com as ações sociais.
A assessoria de Falcão disse que, na negociação para a desativação do complexo do Carandiru, em março de 2001, a prefeitura se propôs a pesquisar áreas municipais para a construção de presídios, mas que o governo do Estado rejeitou a proposta.



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