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AMBIENTE
Também não existe alvará para operação dos equipamentos; empresa afirma que encaminhou pedido em 1998
Base da Shell não tem licença para operar
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
A base de estocagem de combustíveis da Shell funciona na Vila
Carioca (zona sul de SP) de forma
irregular pelo menos desde 1998.
O local não tem a licença de funcionamento, que deve ser emitida
pela Administração Regional do
Ipiranga, nem alvará para operação dos equipamentos, dado pelo
Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis).
Sem as licenças, a base da Shell
nem poderia estar funcionando.
A inexistência de um alvará de
operação dos equipamentos é "temerária" do ponto de vista da segurança, na avaliação de Luiz Tadeu Stipp, diretor da Divisão Técnica de Equipamentos do Contru.
A área ocupada pela unidade
(cerca de 180 mil m2, equivalente a
25 campos de futebol) está com o
subsolo e as águas subterrâneas
contaminados por substâncias tóxicas, incluindo pesticidas em altas concentrações, que ameaçam
a saúde de até 30 mil pessoas que
moram num raio de 1 km, segundo estimativas da Promotoria de
Meio Ambiente da Capital.
O caso é, desde o fim de março,
alvo de uma ação civil pública
contra a Shell e a Cetesb (agência
ambiental do governo paulista).
Autuações
Apesar de estar funcionando
clandestinamente há pelo menos
quatro anos, a Shell nunca havia
sido autuada pelos órgãos públicos responsáveis. Isso só aconteceu depois que o caso de contaminação da área veio à tona.
Tanto a Administração Regional do Ipiranga como o Contru
afirmam que não tinham conhecimento prévio das irregularidades da empresa, apesar de serem
os responsáveis oficiais pela fiscalização desse tipo de atividade.
"Até então, a base da Shell nem
constava do nosso cadastro. Era
como se não existisse", admite
Stipp. Segundo ele, a ausência de
controle sobre a validade dos alvarás de empreendimentos cuja
atividade oferece risco potencial à
saúde e ao ambiente "acontece
com frequência por descaso, desconhecimento ou deficiências".
"Mas agora vamos ficar em cima
para evitar que isso se repita", diz.
O Contru esteve na base da Shell
há duas semanas e já recebeu os
documentos exigidos -entre
eles, plantas e memorial descritivo das máquinas e seu plano de
segurança-, mas ainda deverá
demorar um mês para avaliar se
dá ou não a autorização de funcionamento dos equipamentos.
A visita foi motivada pela denúncia de um jornal de bairro.
A regional foi à unidade apenas
ontem, motivada pela reportagem publicada pela Folha. Foram
dados dois dias à Shell para apresentar a licença de funcionamento sob pena de multa de R$ 107.
Caso a empresa não regularize
sua situação em 30 dias, corre o
risco de ser fechada. Para obter a
licença, a Shell deverá ter conseguido também o alvará de funcionamento dos equipamentos.
Outro lado
A Shell informou ontem, por
meio de sua assessoria de imprensa, que existe na regional do Ipiranga, desde 1998, um processo
com o pedido para licença de funcionamento na base da Vila Carioca. Segundo a empresa, naquele ano, obras tornaram necessária
uma renovação da licença.
A Shell sustenta que seu departamento jurídico está providenciando um esclarecimento para
ser entregue à administração no
prazo requisitado. Segundo informações da Administração Regional do Ipiranga, o processo para
renovação da licença foi arquivado em 30 de março de 2000.
A regional não soube dizer por
que isso ocorreu.
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