MARCELO LIMA
DA REVISTA

A primavera invadiu a Europa -e isso significa bem mais do que a chegada da estação. Abril é tempo de flores no hemisfério norte, e também da Semana de Design de Milão -e o mais importante evento internacional de decoração parece ter desabrochado. Flores apareceram na maioria das coleções, em variações e em móveis de todos os tipos.
A onda floral influenciou a própria forma dos móveis, como na poltrona com desenho de tulipa da designer espanhola Patrícia Urquiola, ou apareceu estampada diretamente sobre as peças, como na linha do britânico Matt Sindall, que imprimiu, em três dimensões, uma papoula no interior de uma estante.
Diretamente da moda veio a tendência de valorizar o toque, presente nos revestimentos texturizados, como o do sofá On the Rocks, do italiano Francesco Binfaré, em que grãos de plástico simulam areia.
Há no ar uma atmosfera de nostalgia da primeira metade do século passado, quando objetos eram projetados com dupla função: uso e adorno. Um exemplo é a poltrona Louis Ghost, do francês Philippe Starck, que celebra um desenho antigo com material de última geração.
É bom deixar claro que a atual tendência não propõe subverter a finalidade do móvel, mas agregar uma certa personalidade perdida aos objetos cotidianos. É o que acontece com as mesinhas em acrílico produzidas pela italiana Kartell, que usa a técnica de jateamento.
Famosa por seus móveis minimalistas, a empresa também parece não ter ficado imune à febre ornamental: a luminária de mesa barroca Bourgie, de Ferruccio Laviani, é produzida em policarbonato, mas evoca o cristal, na sua transparência e no desenho rebuscado.