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Motorista oferece desconto para fugir do trânsito
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O taxista Fábio, 39, não quer
ficar preso no trânsito, mas
também dispensa olhar torto
de passageiro. Por isso, tem um
macete na hora de propor alternativas às rotas mais conhecidas: oferece desconto.
Se opta, por exemplo, em
passar pela Aclimação para
chegar ao aeroporto de Congonhas, pode abater 10% do valor
da corrida. Tudo para que os
clientes não achem que ele só
quer "dar voltas". O sistema é
informal, já que a prefeitura
não permite negociar a tarifa.
Caminhos que aproveitem as
pistas mais livres dos corredores de ônibus (liberados para
táxis ocupados com passageiros) deixam a clientela feliz, diz
o taxista Odair Batista Marques, 56. "Já peguei um [passageiro] que deu até caixinha para
eu ir pela Santo Amaro, por
causa do corredor", afirma.
Há histórias de taxistas que
oferecem carona para pessoas
em pontos de ônibus próximos
a vias com corredor. Humberto
Amorim, 45, diz que nunca aderiu ao truque. Mas que dá vontade, dá. "Já pensei em pôr um
boneco no táxi", brinca.
Guia
O GPS é uma moda que, se
depender dos taxistas, vai passar batida. A maioria dos 74 entrevistados pela Folha desaprova os serviços que prometem dar os melhores trajetos.
Foi frequente ouvir que, para
quem já é craque no trânsito
paulistano, a ferramenta mais
atrapalha do que ajuda.
"Comprei meu aparelho e
vendi 60 dias depois. Não é
bem atualizado", disse o taxista
Marivaldo Oliveira da Silva, 42.
Osvaldo Aquino, 62, concorda: "Eu tenho 41 anos de táxi e
os meus caminhos são sempre
melhores que os do GPS."
Outra reclamação recorrente: os modelos comuns fornecem opções limitadas de rota.
Se você estiver na Sé e quiser ir
a Cumbica, o conselho será ir
pela marginal Tietê. E só.
Rádios prestam serviço para
apontar as vias engarrafadas,
como a Sulamérica Trânsito e a
CBN, nem sempre são populares. "Não é que não confio, mas
é cansativo para o passageiro",
afirma Eduardo Rosa, 33.
Para Lauripio Santos, 58, rádio "ajuda quando informa acidentes, a árvore que caiu, passeata". "Não tenho mais rádio
porque me assaltam. Quando
quero, eu é que canto Waldick
Soriano", diz Pedro Sena, 62.
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