São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

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Perícia diz que Airbus estava com sensor sujo

Segundo jornal francês, falta de limpeza afetou operação de aparelho do avião da Air France que caiu em junho de 2009

Informação é revelada pelo "Libération" no mesmo final de semana em que a França encerrou a terceira etapa de buscas pelas caixas-pretas

DA REPORTAGEM LOCAL

Deficiências na manutenção do Airbus-A330 que caiu no oceano Atlântico no dia 1º de junho do ano passado após sair do Rio de Janeiro, matando 228 pessoas, podem ter contribuído para o acidente, embora não possam ser apontadas como a causa exclusiva ou a mais determinante para a tragédia.
A informação consta de um relatório preliminar elaborado por peritos judiciais franceses, cujo teor parcial foi divulgado ontem pelo jornal parisiense "Libération". Segundo o jornal, o documento, que será finalizado em dezembro, aponta que os sensores pitot, que ajudavam o piloto a saber a velocidade da aeronave, podem ter falhado porque não estavam sendo limpos com a devida frequência.
Os sensores, dizem os peritos, ficaram rapidamente cobertos por uma camada de gelo, o que impediu o correto funcionamento dos equipamentos. O avião, antes de cair, atravessava uma forte tempestade. Pouco depois do acidente com o voo AF-447, o congelamento dos sensores já era apontado pelos investigadores como uma das prováveis causas do acidente.

Sensor degradado
Os analistas extraíram nove sondas da aeronave e algumas apresentavam um aspecto externo muito degradado ou razoavelmente degradado. Para eles, isso pode ter sido provocado pelo tempo (horas de voo) e/ou período transcorrido desde a última manutenção.
O documento, no entanto, deixa claro que essa falta de limpeza não é o fator conclusivo para explicar a queda do avião. Nem a falta de manutenção, nem as condições meteorológicas, sozinhas, explicam a queda do Airbus, afirmam os peritos franceses.
De acordo com o relatório, é preciso que se busquem "outros elementos de prova" do acidente. A Air France afirmou não ter conhecimento do documento. Mas disse que as investigações feitas pelo BEA -órgão oficial francês de investigação de acidentes aéreos, que apura o caso- mostrou que a empresa "respeitou escrupulosamente todos os procedimentos ditados pelos fabricantes e autoridades de voo".

Nova tentativa
As revelações feitas ontem pelo jornal francês coincidem com a finalização, neste fim de semana, da terceira fase de buscas no fundo do mar pelas caixas-pretas do avião. A localização dos equipamentos -que armazenam informações do voo- é considerada importante pelos peritos do BEA e da Air France para a elucidação dos fatores que levaram à queda da aeronave sobre o Atlântico.
As buscas estavam sendo feitas por dois navios, o Seabed Worker e o Anne Candies. As duas embarcações, que realizaram varrições no fundo do mar com sonares e submarinos em uma área de 3.000 km quadrados devem voltar ao porto de Recife (PE) para escala técnica.
O secretário de Transportes francês, Dominique Bussereau, afirmou anteontem que pode ser realizada uma quarta operação de buscas pelas caixas-pretas, e seu departamento assegurou que tanto a Airbus quanto a Air France estão dispostas a financiar os esforços.


Com agências internacionais

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