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São Paulo, domingo, 25 de maio de 2003

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ENTREVISTA

Centro estuda relações da leucemia

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Centro Infantil Boldrini, de Campinas (SP), está aplicando questionários a pais de lactentes com leucemia -crianças de até dois anos- para comprovar ou não a relação entre agrotóxicos e inseticidas e esse tipo de câncer.
O Instituto Nacional do Câncer e o Hospital de Base de Brasília também participam do estudo.
Pelo menos duas pesquisas -uma delas tinha como base populacional a cidade industrial de Manchester, na Inglaterra- apontam uma possível relação entre derivados de benzeno e metais pesados e a ocorrência de leucemia em lactentes. "É preciso ampliar esses estudos", diz Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini, que, na última sexta, assumiu a secretaria geral da Sociedade Latino-Americana de Oncologia Pediátrica (Slaop).
No Brasil, ocorrem de 6.000 a 6.500 novos casos de câncer entre crianças de até 15 anos. A leucemia é o tipo mais comum, com 25% a 30% das ocorrências, seguida de tumores no sistema nervoso central, com cerca de 20%.
A notícia boa é que o Brasil vem conseguindo níveis de cura do câncer infantil de 60% a 70% nos grandes centros urbanos -índices comparáveis aos de países do Primeiro Mundo. Abaixo, trechos da entrevista com Brandalise:

Folha - Quais as razões para os altos índices de cura entre crianças?
Silvia Brandalise -
De um lado, o país já conta com uma estrutura de centros de referência para diagnóstico e tratamento que nos coloca dez anos à frente da média dos latino-americanos. O projeto Criança e Vida, da Fundação Banco do Brasil, em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Orsa, vem mapeando os hospitais e oferecendo recursos para o aprimoramento de suas práticas. Quase todos os Estados participam de protocolos terapêuticos vinculados à Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica.
Outra razão para o alto índice de cura é que as células das crianças respondem melhor à quimioterapia. A desvantagem é que essas células se multiplicam muito mais rapidamente, o que exige um diagnóstico precoce.

Folha - O que a Slaop quer fazer?
Brandalise -
Vamos desenvolver estratégias políticas e econômicas em termos de medicamentos, estudos de protocolos comuns, capacitação de profissionais e a manutenção das casas de apoio, com a participação da sociedade civil.

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