São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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Crime mudou cobertura da imprensa

DA SUCURSAL DO RIO

O seqüestro, a tortura e o assassinato do jornalista Tim Lopes, em 2 de junho de 2002, tiveram impacto na campanha eleitoral daquele ano e na maneira como a imprensa cobre os conflitos decorrentes da atuação do tráfico de drogas em favelas do Rio.
Tim Lopes foi seqüestrado quando, com uma câmera oculta, fazia uma reportagem para a TV Globo em um baile funk na Vila Cruzeiro, parte do complexo de favelas do Alemão, na zona norte do Rio. Meses antes, ele ganhara o Prêmio Esso de Telejornalismo de 2001 com a reportagem "Feira de Drogas", que, também com uso de microcâmera, mostrou a venda de drogas no complexo.
O crime tornou-se um dos principais assuntos da campanha para o governo do Estado.
Depois da morte de Lopes, a maioria dos jornais adotou normas de segurança mais rígidas para a cobertura em áreas do Rio onde existe presença do tráfico. Na maioria das vezes, as equipes de reportagem só entram em favelas junto com a polícia. Alguns veículos adotaram coletes à prova de balas e carros blindados. As medidas dificultaram o acesso dos jornalistas aos moradores dessas regiões.
Sílvia Ramos, socióloga da Universidade Candido Mendes que monitora a cobertura da violência, diz que o assassinato de Lopes realmente provocou uma queda no número de investigações jornalísticas em favelas, mas deixou a imprensa mais consciente de seu poder de pressão sobre a polícia. "Em vez de noticiar somente o crime, [a imprensa] passou a se preocupar com as políticas de segurança pública".


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