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CARTAS MARCADAS
Pelo menos 6 dos 14 acusados do Tribunal de Justiça disseram que pagaram até R$ 40 mil para serem aprovados
Servidores confirmam fraude em concurso
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos 6 dos 14 funcionários do Tribunal de Justiça do Distrito Federal presos acusados de
participar de fraude em concurso
público disseram em depoimento
à Polícia Civil que pagaram até R$
40 mil para ser aprovados na seleção, feita em 2003. Eles disseram
ter recebido, por telefone, o gabarito da prova e o tema da redação
três dias antes do teste.
As prisões aconteceram na Operação Galileu, desencadeada no
último domingo durante o concurso público para o cargo de
agente penitenciário federal.
No total, foram presas 81 pessoas em três locais (Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás) acusadas de participar do esquema para fraudar concursos públicos, incluindo servidores e policiais.
Ontem a polícia prendeu o servidor Hélio Garcia Ortiz, acusado
de ser o líder da quadrilha. O diretor da Polícia Civil do DF, Laerte
Bessa, informou que a prisão
ocorreu depois de ele se entregar.
Em depoimento, Ortiz teria confirmado participação no esquema
e se mostrado disposto a colaborar com a investigação.
Anteontem, a polícia havia informado a prisão de três pessoas
na Bahia, mas eram casos isolados. Há ainda 23 mandados de
prisão a serem cumpridos. Ontem, 36 presos foram liberados.
As provas dos dois concursos
foram organizadas pelo Cespe
(Centro de Seleção e de Promoção
de Eventos), ligado à Universidade de Brasília. Com os depoimentos de ontem, a polícia reforçou a
suspeita de envolvimento de funcionário do órgão no esquema.
"Temos indícios fortes de existir
uma pessoa do Cespe passando
informações dos concursos", disse Bessa. Um dos funcionários do
TJ do Distrito Federal afirmou em
seu depoimento que a mulher de
Ortiz teria citado que a aprovação
no concurso do tribunal se daria
porque ela conseguiria o gabarito
com um funcionário do Cespe.
O Cespe não se manifestou, alegando não ter conhecimento oficial dos depoimentos. Anteontem, a diretora-geral do órgão,
Romilda Macarini, disse que os
concursos foram feitos "na mais
perfeita legalidade".
O Ministério da Justiça, que
contratou o Cespe para o concurso de agente penitenciário federal,
informou que suspendeu por 15
dias o cronograma das próximas
fases do exame.
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