São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2005

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CARTAS MARCADAS

Pelo menos 6 dos 14 acusados do Tribunal de Justiça disseram que pagaram até R$ 40 mil para serem aprovados

Servidores confirmam fraude em concurso

LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pelo menos 6 dos 14 funcionários do Tribunal de Justiça do Distrito Federal presos acusados de participar de fraude em concurso público disseram em depoimento à Polícia Civil que pagaram até R$ 40 mil para ser aprovados na seleção, feita em 2003. Eles disseram ter recebido, por telefone, o gabarito da prova e o tema da redação três dias antes do teste.
As prisões aconteceram na Operação Galileu, desencadeada no último domingo durante o concurso público para o cargo de agente penitenciário federal.
No total, foram presas 81 pessoas em três locais (Distrito Federal, Mato Grosso e Goiás) acusadas de participar do esquema para fraudar concursos públicos, incluindo servidores e policiais.
Ontem a polícia prendeu o servidor Hélio Garcia Ortiz, acusado de ser o líder da quadrilha. O diretor da Polícia Civil do DF, Laerte Bessa, informou que a prisão ocorreu depois de ele se entregar. Em depoimento, Ortiz teria confirmado participação no esquema e se mostrado disposto a colaborar com a investigação.
Anteontem, a polícia havia informado a prisão de três pessoas na Bahia, mas eram casos isolados. Há ainda 23 mandados de prisão a serem cumpridos. Ontem, 36 presos foram liberados.
As provas dos dois concursos foram organizadas pelo Cespe (Centro de Seleção e de Promoção de Eventos), ligado à Universidade de Brasília. Com os depoimentos de ontem, a polícia reforçou a suspeita de envolvimento de funcionário do órgão no esquema. "Temos indícios fortes de existir uma pessoa do Cespe passando informações dos concursos", disse Bessa. Um dos funcionários do TJ do Distrito Federal afirmou em seu depoimento que a mulher de Ortiz teria citado que a aprovação no concurso do tribunal se daria porque ela conseguiria o gabarito com um funcionário do Cespe.
O Cespe não se manifestou, alegando não ter conhecimento oficial dos depoimentos. Anteontem, a diretora-geral do órgão, Romilda Macarini, disse que os concursos foram feitos "na mais perfeita legalidade".
O Ministério da Justiça, que contratou o Cespe para o concurso de agente penitenciário federal, informou que suspendeu por 15 dias o cronograma das próximas fases do exame.


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