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Bloqueio de celular afetou 300 mil usuários, dizem operadoras
FÁBIO ZANINI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diretores das quatro maiores
operadoras de telefonia celular
do Brasil expressaram ontem
em depoimento à CPI do Tráfico de Armas sua oposição à instalação de bloqueadores nos
presídios. O argumento é que o
sistema tem muitas falhas e pode prejudicar até 18 milhões de
pessoas. Em São Paulo, os bloqueadores instalados na semana passada teriam afetado 300
mil pessoas.
A sugestão das operadoras é
colocar detetores de metal na
entrada dos presídios.
O presidente da Vivo, Roberto Lima, admitiu que o crime
organizado tenta se infiltrar
nas operadoras, conforme denunciou há duas semanas à
própria CPI o delegado Godofredo Bittencourt, do Deic (Departamento de Investigações
sobre o Crime Organizado).
"Somos vítimas também. As
operadoras têm colaboradores
que muitas vezes são achacados
e têm suas famílias ameaçadas
[por criminosos]."
Lima prevê que entre 15 e 18
milhões de moradores de áreas
adjacentes ficarão sem sinal de
celular caso todos os presídios
do país recebam bloqueadores.
O cálculo dele é a projeção
em escala nacional do impacto
que teve uma recente decisão
judicial de cortar o sinal do celular em seis presídios paulistas, que teria afetado 300 mil
pessoas. Para Lima, a hipotética universalização dos bloqueadores reduziria em R$ 2,8
bilhões a arrecadação anual de
impostos. "Enquanto alicates e
tesouras entrarem nos presídios, fios poderão ser cortados,
e o sistema perderá eficiência."
Outras desvantagens apontadas pelos diretores da Vivo, da
Claro, da TIM e da Oi foram o
risco que representaria a entrada de técnicos especializados
em manutenção nos presídios,
o corte do serviço de telefonia
também para carcereiros e policiais e o fato de outros serviços de comunicação -rádios,
walkie-talkies, telefones via satélite- não serem afetados pelos bloqueadores. Há ainda o
custo, que chegaria a R$ 800
mil por presídio.
"Estamos preparados para
colaborar em soluções que não
sejam teóricas, mas práticas",
disse o presidente da TIM, Mário César Araújo, que também
preside a Associação Nacional
das Operadoras Celulares.
Hoje, a CPI fará uma acareação entre os advogados Maria
Cristina Rachado e Sérgio Weslei Cunha e o técnico de som
Arthur Vinicius Silva, que diz
ter vendido aos advogados a cópia de um depoimento secreto
de dois delegados que investigam o PCC. Eles negam.
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