São Paulo, quinta-feira, 25 de maio de 2006

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Bloqueio de celular afetou 300 mil usuários, dizem operadoras

FÁBIO ZANINI
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diretores das quatro maiores operadoras de telefonia celular do Brasil expressaram ontem em depoimento à CPI do Tráfico de Armas sua oposição à instalação de bloqueadores nos presídios. O argumento é que o sistema tem muitas falhas e pode prejudicar até 18 milhões de pessoas. Em São Paulo, os bloqueadores instalados na semana passada teriam afetado 300 mil pessoas.
A sugestão das operadoras é colocar detetores de metal na entrada dos presídios.
O presidente da Vivo, Roberto Lima, admitiu que o crime organizado tenta se infiltrar nas operadoras, conforme denunciou há duas semanas à própria CPI o delegado Godofredo Bittencourt, do Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). "Somos vítimas também. As operadoras têm colaboradores que muitas vezes são achacados e têm suas famílias ameaçadas [por criminosos]."
Lima prevê que entre 15 e 18 milhões de moradores de áreas adjacentes ficarão sem sinal de celular caso todos os presídios do país recebam bloqueadores.
O cálculo dele é a projeção em escala nacional do impacto que teve uma recente decisão judicial de cortar o sinal do celular em seis presídios paulistas, que teria afetado 300 mil pessoas. Para Lima, a hipotética universalização dos bloqueadores reduziria em R$ 2,8 bilhões a arrecadação anual de impostos. "Enquanto alicates e tesouras entrarem nos presídios, fios poderão ser cortados, e o sistema perderá eficiência."
Outras desvantagens apontadas pelos diretores da Vivo, da Claro, da TIM e da Oi foram o risco que representaria a entrada de técnicos especializados em manutenção nos presídios, o corte do serviço de telefonia também para carcereiros e policiais e o fato de outros serviços de comunicação -rádios, walkie-talkies, telefones via satélite- não serem afetados pelos bloqueadores. Há ainda o custo, que chegaria a R$ 800 mil por presídio.
"Estamos preparados para colaborar em soluções que não sejam teóricas, mas práticas", disse o presidente da TIM, Mário César Araújo, que também preside a Associação Nacional das Operadoras Celulares.
Hoje, a CPI fará uma acareação entre os advogados Maria Cristina Rachado e Sérgio Weslei Cunha e o técnico de som Arthur Vinicius Silva, que diz ter vendido aos advogados a cópia de um depoimento secreto de dois delegados que investigam o PCC. Eles negam.


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