|
Próximo Texto | Índice
Caminhão quebrado trava pista por 1 hora
Chegada ao local onde veículos obstruem vias de grande fluxo leva até 15 minutos, mas a retirada da faixa demora mais
Folha acompanhou por dois dias o atendimento nas ruas; CET atende a uma média de 300 veículos quebrados por dia na cidade
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Veículos quebrados e pequenos acidentes interrompem o
trânsito quase sempre por mais
de uma hora em São Paulo. Em
dois dias percorrendo a cidade
nos horários de pico, a Folha
acompanhou o atendimento a
nove ocorrências -em oito delas, ao menos uma faixa ficou
interrompida por mais de uma
hora, gerando, a depender do
local, lentidão de até 7,5 km.
A demora é produto da combinação entre veículos antigos,
nas ruas sem manutenção, e
motoristas imprudentes ao volante, agravada por um atendimento deficiente da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego). A própria companhia
reconhece ter carências estruturais e de pessoal.
A reportagem acompanhou o
atendimento a quatro caminhões e três ônibus quebrados,
além de dois acidentes sem vítimas graves. Por dia, a CET
atende a uma média de 300
veículos quebrados e 300 acidentes de trânsito.
Para isso, mantém nas ruas
965 agentes divididos em quatro turnos -535 a menos que
em 2002, quando a cidade tinha um milhão de veículos a
menos. Hoje, São Paulo tem
uma frota de 6,1 milhões de veículos, segundo o Detran.
Os agentes da CET dispõem
atualmente de 665 veículos,
entre os quais 39 guinchos
-metade apenas aptos a remover veículos de grande porte,
como caminhões com mais de
4 eixos, presentes em 55% dos
casos observados pela Folha.
A estrutura permite que a
CET consiga chegar em até 15
minutos aos locais de ocorrências -um tempo razoável, segundo especialistas, e verificado em cinco dos nove casos.
As dificuldades, entretanto,
aparecem na hora de remover
veículos de grande porte, como
caminhões e ônibus que, enquanto aguardam a chegada do
guincho, seguem interrompendo as vias e provocando aumento da lentidão.
São as lentidões causadas
por essas pequenas obstruções
que, somadas, se traduzem nos
sucessivos recordes de congestionamento que a cidade tem
vivido nos últimos meses.
No dia 10, quando São Paulo
teve a maior lentidão já registrada -266 km às 19h-, além
do acidente com um caminhão
que bloqueou a marginal Tietê
por sete horas, outras cinco
ocorrências ajudaram a alavancar a marca.
Uma faixa bloqueada por 15
minutos pode gerar até 3 km de
lentidão, que leva meia hora
para se dissipar. Uma hora perdida no engarrafamento custa
indiretamente a cada paulistano R$ 28,27, segundo estudo do
economista Marcos Cintra.
Ele estima que, até o final do
ano, o tempo perdido em congestionamentos fará com que a
cidade deixe de produzir o
equivalente a R$ 26,6 bilhões.
Por hora, diz o estudo, 3,7 milhões de pessoas ficam ociosas
em engarrafamentos na cidade.
Próximo Texto: Trânsito em SP Índice
|