São Paulo, domingo, 25 de maio de 2008

Próximo Texto | Índice

Caminhão quebrado trava pista por 1 hora

Chegada ao local onde veículos obstruem vias de grande fluxo leva até 15 minutos, mas a retirada da faixa demora mais

Folha acompanhou por dois dias o atendimento nas ruas; CET atende a uma média de 300 veículos quebrados por dia na cidade

RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL

Veículos quebrados e pequenos acidentes interrompem o trânsito quase sempre por mais de uma hora em São Paulo. Em dois dias percorrendo a cidade nos horários de pico, a Folha acompanhou o atendimento a nove ocorrências -em oito delas, ao menos uma faixa ficou interrompida por mais de uma hora, gerando, a depender do local, lentidão de até 7,5 km.
A demora é produto da combinação entre veículos antigos, nas ruas sem manutenção, e motoristas imprudentes ao volante, agravada por um atendimento deficiente da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). A própria companhia reconhece ter carências estruturais e de pessoal.
A reportagem acompanhou o atendimento a quatro caminhões e três ônibus quebrados, além de dois acidentes sem vítimas graves. Por dia, a CET atende a uma média de 300 veículos quebrados e 300 acidentes de trânsito.
Para isso, mantém nas ruas 965 agentes divididos em quatro turnos -535 a menos que em 2002, quando a cidade tinha um milhão de veículos a menos. Hoje, São Paulo tem uma frota de 6,1 milhões de veículos, segundo o Detran.
Os agentes da CET dispõem atualmente de 665 veículos, entre os quais 39 guinchos -metade apenas aptos a remover veículos de grande porte, como caminhões com mais de 4 eixos, presentes em 55% dos casos observados pela Folha.
A estrutura permite que a CET consiga chegar em até 15 minutos aos locais de ocorrências -um tempo razoável, segundo especialistas, e verificado em cinco dos nove casos.
As dificuldades, entretanto, aparecem na hora de remover veículos de grande porte, como caminhões e ônibus que, enquanto aguardam a chegada do guincho, seguem interrompendo as vias e provocando aumento da lentidão.
São as lentidões causadas por essas pequenas obstruções que, somadas, se traduzem nos sucessivos recordes de congestionamento que a cidade tem vivido nos últimos meses.
No dia 10, quando São Paulo teve a maior lentidão já registrada -266 km às 19h-, além do acidente com um caminhão que bloqueou a marginal Tietê por sete horas, outras cinco ocorrências ajudaram a alavancar a marca.
Uma faixa bloqueada por 15 minutos pode gerar até 3 km de lentidão, que leva meia hora para se dissipar. Uma hora perdida no engarrafamento custa indiretamente a cada paulistano R$ 28,27, segundo estudo do economista Marcos Cintra.
Ele estima que, até o final do ano, o tempo perdido em congestionamentos fará com que a cidade deixe de produzir o equivalente a R$ 26,6 bilhões. Por hora, diz o estudo, 3,7 milhões de pessoas ficam ociosas em engarrafamentos na cidade.


Próximo Texto: Trânsito em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.