São Paulo, quarta-feira, 25 de maio de 2011

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Hospital municipal deixa raio-X na caixa por 9 meses

Prefeitura pagou R$ 27.822 por instalação, mas equipamento está em corredor

Gestão Kassab afirma que, para a instalação, são necessárias obras de adequação em sala, que ainda não começaram


TALITA BEDINELLI
DE SÃO PAULO

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Enquanto uma fila de crianças aguarda para realizar um raio-X, numa máquina antiga e que quebra com frequência, um aparelho novinho espera para ser usado há nove meses no pronto-socorro 21 de Junho, na Freguesia do Ó (zona norte de SP).
O equipamento, comprado em agosto do ano passado para substituir o que existe na unidade, nunca foi usado.
Pela sua instalação, a prefeitura pagou R$ 27.822.
A Folha esteve no local na semana passada e verificou que o aparelho está na caixa, em um corredor do hospital.
Ele ainda não foi instalado porque são necessárias obras de adequação na sala onde as radiografias são tiradas, de acordo com a prefeitura.
A reforma, entretanto, ainda nem começou a ser feita.
A Secretaria Municipal da Saúde afirma que a adequação na sala acontecerá nas próximas semanas. A prefeitura, no entanto, não respondeu até a conclusão desta edição o motivo de a reforma ter demorado tanto.
O pronto-socorro é municipal, mas quem o administra desde 2009 é a OS (Organização Social) Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por meio de um contrato com a prefeitura, que inclui outras duas unidades.
Para aumentar a produção de radiografias nos três hospitais, a prefeitura pagou R$ 1 milhão no final de 2009.
No PS 21 de Junho, a previsão era que seriam realizadas 3.241 radiografias por mês.
Mas, no ano passado, foram feitos 28.664 raios-X- uma média mensal de 2.389.
A Secretaria Municipal da Saúde e a Santa Casa afirmam que nenhum paciente que necessita de radiografia deixa de fazê-la no PS, pois o equipamento antigo está em pleno funcionamento.
Lúcio Neves, coordenador do movimento SOS Saúde, que acompanha o hospital, discorda. "O raio-X fica quebrado por até quatro dias."
A falta de uso do aparelho não é o único problema verificado no pronto-socorro, diz a vereadora Juliana Cardoso (PT), presidente da comissão de Saúde da Câmara de SP.
O convênio firmado com a prefeitura prevê o atendimento de 20 mil pessoas por mês. No entanto, em 2010, foram realizados, em média, 16 mil atendimentos -48 mil a menos que o previsto no ano.
A vereadora encaminhou ao TCM (Tribunal de Contas do Município) um pedido para que o órgão realize uma auditoria no contrato da prefeitura com a Santa Casa.

OUTRO LADO
A Secretaria Municipal da Saúde disse que, mesmo com a realização de menos exames e consultas que o previsto, não existe sobra no repasse feito à Santa Casa.
Isso porque, diz a pasta, o contrato com a entidade inclui os outros dois prontos-socorros, onde há um atendimento acima do previsto.
O órgão afirmou ainda que atendimento de 20 mil pessoas por mês não é meta, mas uma estimativa.
"Caso isso aconteça [a sobra de repasse], a OS deve aplicar o dinheiro para que ele não desvalorize. Só serão efetuados novos repasses quando não houver saldo igual ou superior à verba mensal", disse em nota.

Colaborou DANIEL VASQUES


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