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Mulher busca parceiro igual ao pai, aponta estudo inglês
Teste realizado com 49 mulheres se baseou em 15 imagens masculinas
Tipo de relacionamento com o pai influencia na escolha; formato de nariz, olhos e queixo são as "medidas de estímulo sexual masculinas"
ISABELA MENA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O conceito de que as mulheres se baseiam na figura paterna para escolher namorados e
maridos nunca foi tão literal.
Figura -em sentido estritamente denotativo- foi o que
norteou um estudo na Inglaterra que usou medidas faciais para concluir que alguns traços
dos pais são semelhantes aos
que suas filhas acham sexualmente atraentes. Em outros
homens, é claro.
Para chegar a tal conclusão,
publicada neste mês no periódico da associação internacional de pesquisadores Human
Behavior and Evolution Society, um time de psicólogos da
Universidade de Durham mostrou 15 imagens masculinas
com características diversas
para 49 mulheres e pediu que
elegessem a mais atraente.
Estabelecidas dentro das figuras o que os psicólogos chamaram de "medidas de estímulo sexual masculinas", como
formato de nariz, olhos e queixo, o segundo passo foi comparar com as fotos dos pais das
avaliadas.
Na etapa seguinte, as meninas descreveram o relacionamento com os pais: se foram
presentes na sua criação, quanto tempo livre passavam com
elas, se eram afetivos. E estava
feita a relação.
"Todas as escolhas que fazemos de pares amorosos são baseadas nos modelos que tivemos na infância", diz a psicanalista Sueli Gevertz, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de
São Paulo.
"Hoje em dia a maior parte
dos estudos de relações afetivas
são em termos de imagem. Partem do externo, enquanto
Freud, partindo do interno,
concluía isso em 1900", afirma.
Gevertz explica que as questões físicas são apenas expressões de um amor maior -no caso o paterno- e se uma mulher
procura (às vezes inconscientemente) um parceiro moreno
porque parece com seu pai é
uma forma de dizer "olha como
gosto do meu pai, quero um namorado igual a ele".
A fisioterapeuta Fernanda
Villela, 27, namora há quatro
anos e meio um homem com
características físicas e até traços de personalidade parecidos
com seu pai e diz que nunca tinha parado para pensar sobre o
assunto. Mas vê sentido.
"Os dois têm olhos pequenos,
são narigudinhos e têm bocas
finas. Como o pai é o primeiro
homem com quem a menina
tem contato, ela se espelha nele
e repercute no seu futuro", diz.
"Meu relacionamento com
meu pai é ótimo, somos bem
amigos e, apesar de trabalhar
bastante, ele sempre esteve
presente", conta ela.
De acordo com o psicoterapeuta Ari Rehfeld, supervisor
da clínica de psicologia da PUC,
o estudo inglês é uma comprovação empírica de um conhecimento já existente. "É de se esperar que a filha que tem uma
boa relação com o pai construa
um modelo masculino a partir
daí, tanto do ponto de vista
emocional como do físico."
Moreno, alto e magro são,
não por acaso, atributos do namorado da química Lizandra
Castro, 24. "Desde criança,
sempre disse que ia casar com
um homem como meu pai. Hoje, acho que até na personalidade dos dois há alguma relação.
Ambos são quietos, calmos e inteligentes."
Ela diz que a semelhança é
percebida por outras pessoas,
mas de forma indireta. "Dizem
que ele parece com meu irmão,
o que no fundo é quase a mesma coisa", afirma.
A assistente de relações-públicas Nina Keller, 22, conta
que não apenas o atual mas
também seu ex-namorados
eram parecidos com seu pai.
"Todos sempre foram morenos, fortes, esportistas, com tipo físico muito parecido com o
que meu pai tinha quando era
mais jovem. Hoje ele está muito magro", diz.
Nina conta que o que mais
chamou sua atenção no namorado foi justamente a semelhança com seu pai. "Bati o olho
nele e foi a primeira coisa que
vi." Os dois -pai e namorado-
têm formato de rosto, traços
fortes e sobrancelhas grossas.
"Até o jeito de olhar é igual.
Falei outro dia para o meu namorado: "você tem um olhar tão
apaixonado e meu pai me olha
desse jeito também"."
O outro lado da história, seja
do ponto de vista das figuras inglesas ou da explicação freudiana, é que mulheres que não tiveram experiências muito positivas na infância com os pais
também baseiam suas escolhas
neles. Mas de forma oposta.
"Introjetamos nossas relações afetivas da maneira como
fomos criados. Quando procuramos outras relações, tendemos a buscar maneiras parecidas ou opostas", explica Gevertz. "Pode ser uma forma de
expressar amor ou desamor."
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