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RODÍZIO
Evaporação de combustível pode ocorrer pela parede dos tanques; melhora do ar depende ainda de condições atmosféricas
Carro desligado também emite poluente
MAURO TAGLIAFERRI
da Reportagem Local
Seu carro tem placas com finais 5
ou 6 e, portanto, ficará na garagem
hoje para obedecer ao rodízio antipoluição, certo? Pois saiba que,
mesmo lá, parado e desligado, ele
continua sendo uma fonte de
emissão de poluentes.
De acordo com dados de 1996 da
Cetesb, a agência ambiental paulista, 35% dos hidrocarbonetos
que foram parar na atmosfera de
São Paulo tinham origem na evaporação da gasolina dos tanques
de combustível. Outros 9%, da
evaporação de álcool.
Os dados se referem também aos
veículos ligados, mas os especialistas admitem que o carro desligado
não está excluído da conta.
"O carro parado está poluindo
numa intensidade bem menor,
mas está. E a evaporação leva para
o ar os hidrocarbonetos, que são
cancerígenos", disse o físico Délcio Rodrigues, coordenador de
campanha do Greenpeace.
Os hidrocarbonetos são componentes orgânicos. Podem causar
irritações nos olhos e aparelho respiratório e aumentar a incidência
de câncer de pulmão.
A evaporação do combustível
pode ocorrer pela parede dos tanques feitos de plástico, na linha de
alimentação do motor e também
pelo duto de "respiração" do tanque, segundo o engenheiro Francisco Dória, da General Motors.
O tanque precisa desse duto para
a entrada de ar, à medida que o
combustível é gasto.
Por força de lei, os veículos
atuais têm sistemas que "filtram"
os vapores exalados do tanque.
Um carro a gasolina modelo
1989, conforme informações do
gerente de qualidade ambiental da
Cetesb, Cláudio Alonso, emite, em
média, 23 gramas de hidrocarbonetos num teste a que é submetido,
parado, desligado, em câmara fechada e a uma temperatura estável.
Um veículo 96, por sua vez, exala
1,2 grama no mesmo teste. A lei federal que regula a questão estabelece como padrão de fabricação
para carros a gasolina um máximo
de seis gramas de emissão.
O fato de o veículo poluir mesmo
desligado não deve, no entanto,
servir como desestímulo ao rodízio. Obviamente, ligados, os carros poluem ainda mais. Pelos tubos de escapamento dos automóveis a gasolina saem 58% do gás
carbônico que vai para a atmosfera
da cidade, 22% dos hidrocarbonetos, 17% do óxido de nitrogênio,
18% do dióxido de enxofre e 9%
das partículas inaláveis.
Outro fator de desconfiança são
os boletins que registram, de um
dia para o outro e apesar do rodízio, piora na qualidade do ar em
certas regiões da metrópole.
"Na composição da poluição, há
dois fatores: a fonte de emissão e os
meios de dispersão. Há dias em
que você diminui a emissão e a poluição piora, porque as condições
meteorológicas são ruins para a
dispersão", explicou Alonso.
Por condições ruins entenda-se
falta de vento ou de chuva.
Segundo o professor Américo
Sansigolo Kerr, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo,
o vento tem o poder de transportar
para longe e diluir os poluentes.
Já a chuva remove as partículas
poluidoras da atmosfera, levando-as para o solo.
"Se você reduz a emissão e o ar
piora, aí já depende de um fator incontrolável, a atmosfera. Nesse caso, só Deus para controlar. Agora,
o que a gente tem de fazer é reduzir
a emissão em cerca de 60%, para
não ficar dependendo da atmosfera, e o rodízio só reduz em uns
15%", ponderou Rodrigues.
"O rodízio não é solução para
controlar em definitivo a emissão.
Para isso, é preciso estimular o
transporte coletivo", disse Kerr.
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