São Paulo, quinta, 25 de junho de 1998

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CRIME
Mariana Roquette Pinto, namorada de baterista dos Titãs, havia sido sequestrada no sábado passado no Rio
Polícia resgata artista plástica do cativeiro

Rosane Marinho/Folha Imagem
A artista plástica Mariana Roquette Pinto chega à Delegacia Anti-Sequestro após ter sido libertada de cativeiro


da Sucursal do Rio

Agentes da DAS (Divisão Anti-Sequestro) resgataram ontem, de um cativeiro na favela do Vidigal (zona sul do Rio de Janeiro), a artista plástica Mariana Roquette Pinto, 30, sequestrada no sábado passado.
Ela estava em uma casa de um cômodo no alto do morro, acompanhada de um homem que foi preso, segundo os policiais, com uma pistola. Na casa havia também, de acordo com a polícia, 88 papelotes de cocaína.
Filha de Ricardo Paulo Roquette Pinto, ex-vice-presidente de uma seguradora, Mariana é namorada de Charles Gavin, um dos integrantes do grupo musical Titãs.
Ela foi sequestrada na noite de sábado passado, quando parou com o seu carro no portão de entrada do condomínio onde mora, em São Conrado (zona sul).
A Folha não vinha divulgando notícias sobre o sequestro porque não havia obtido autorização da família. Ontem à tarde, parentes comemoraram a soltura quando Mariana chegou à DAS, no Leblon (zona sul), após ser resgatada.
Policiais estavam vasculhando havia quatro dias o morro da favela do Vidigal, após receber informação de que Mariana estaria na favela, presa em um cativeiro. Foram realizadas também operações na favela da Rocinha, em São Conrado (zona sul).
Por volta das 15h de ontem, cerca de 20 agentes da DAS cercaram uma casa de alvenaria, com apenas um cômodo e um banheiro, no alto do morro da favela do Vidigal, próximo a um local chamado largo do Santinho. Os agentes se identificaram como policiais e bateram na porta.

Sem resistência
Segundo um policial, a própria Mariana respondeu ao chamado dos agentes, dizendo o seu nome e que não podia sair dali, pois estava trancada. A polícia afirmou que um homem tomava conta dela e não ofereceu resistência. Esse homem não teria documentos e teria apenas afirmado se chamar Carlos Alberto.
Ele teria começado a gritar que não tinha nada a ver com o sequestro e que estava ali apenas para tomar conta de Mariana. Depois, teria se rendido e pedido que ela abrisse a porta.
Mariana foi sequestrada, segundo a polícia, pelo grupo do traficante conhecido como Jassa, que controla a venda de drogas na favela do Vidigal.
Segundo agentes da DAS, o cativeiro ficava num ponto da favela onde havia poucas casas na vizinhança. Mariana estaria bem, embora um pouco emocionada. No local havia mantimentos para sua alimentação e um colchão.
Mariana usava uma calça marrom e uma blusa preta. Segundo um policial, ela chegou a ficar apreensiva na hora do resgate, desconfiando dos agentes.
Ao ser levada para a DAS, às 16h45, a artista plástica foi recebida por vários familiares.
Seu primo Rafael Carneiro da Rocha afirmou que ela não foi torturada. "Está ótima." A prima Martha Carneiro da Rocha disse que familiares rezavam todos os dias para que ela fosse libertada. "Ela está melhor que a gente", disse Martha.
Segundo um policial, Mariana não foi transferida de cativeiro, sendo mantida no local onde foi encontrada desde o primeiro dia de sequestro.
O secretário de Segurança do Rio, coronel Noaldo Alves, esteve na DAS para parabenizar o trabalho dos policiais.

Lição de moral
O secretário de Segurança disse que "os bandidos" deveriam compreender esse "momento histórico" e entregar suas armas, para que "a morte não separe os bandidos de suas armas".
Ao se referir à prisão dos sequestradores, o secretário Noaldo Alves afirmou: "É melhor curtir um xadrez que entrar em confronto com a polícia".



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