São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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JUSTIÇA

Criminoso deverá ficar na cadeia por apenas mais 26 anos

"Maníaco do parque" é condenado a mais 121 anos de prisão em SP

DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Francisco de Assis Pereira, 34, conhecido como "maníaco do parque", foi condenado ontem a mais 121 anos, oito meses e 20 dias pelo homicídio de cinco mulheres entre janeiro e julho de 1998. A decisão foi anunciada por volta das 22h10 pelo juiz Homero Maion, do 1º Tribunal do Júri do Fórum Mário Guimarães, na Barra Funda (zona oeste). A defesa disse que vai discutir com Assis Pereira se haverá apelação.
Os sete jurados não reconheceram a semi-imputabilidade do acusado, defendida pela advogada de defesa Maria Elisa Munhol. Caso a tese tivesse sido aceita, a pena seria reduzida de um a dois terços e poderia ser convertida em medida de segurança -internamento em manicômio judicial por no mínimo três anos.
Essa foi a terceira vez que Assis Pereira foi levado a júri popular. Ele já havia sido condenado a cerca de 40 anos de prisão pelos homicídios de Isadora Frankel e Rosa Alves Neta. Em vara criminal comum, ele também foi condenado a outros 107 anos por crimes de estupro, roubo e atentado violento ao pudor contra nove mulheres que sobreviveram aos ataques.
As vítimas por cujas mortes ele foi condenado ontem são Selma Ferreira Queiroz, Patrícia Gonçalves Marinho, Raquel Mota Rodrigues e duas desconhecidas.
Após a divulgação da sentença, a família de Patrícia aplaudiu e abraçou o promotor Edílson Mougenot Bonfim, um dos responsáveis pela acusação.
Mesmo condenado a um total de quase 270 anos de prisão, Assis Pereira deve cumprir apenas 26 -está preso há quatro anos-, pois a legislação brasileira estipula máximo de 30 anos de cumprimento de pena.
Bonfim criticou a lentidão da Justiça brasileira e pediu que o tempo máximo seja estendido. "É muito pouco para quem mata tanta gente dessa forma. É um escândalo, um escárnio."
Durante os dois dias de julgamento -começou às 14h10 de terça- Assis Pereira permaneceu a maior parte do tempo com as mãos entre as pernas e a cabeça baixa. De vez em quando levantava o rosto e olhava para as pessoas que estavam no plenário.
Em seu depoimento no primeiro dia, ele assumiu ter matado 11 mulheres e se disse dominado na época por "um sentimento muito negativo, uma adoração espiritual viciosa e prostíbula".
Ainda na terça, a vítima A.M.C., que sobreviveu ao ataque, disse que Assis Pereira não é louco pois teria desistido de estuprá-la quando ela mentiu dizendo estar com Aids. Outras duas vítimas, E.C.S. e S.A.N., choraram muito quando testemunharam.
Segundo a assessoria do fórum, Assis Pereira seria levado ainda ontem de volta à penitenciária de Itaí, no interior de São Paulo.



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