São Paulo, quinta-feira, 25 de julho de 2002

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Fato "é mais sociológico que religioso"

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), esse surto de "aparição de santas" deve ser tratado com cautela. Dom Moacyr José Vitti, membro da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé da CNBB, afirma que esses eventos podem resultar em um "desvio da fé". "Temos doutrinas fundamentais na Igreja Católica que não são folclore nem sentimentalismo. Esses fenômenos podem ser uma manifestação de sentimentalismo, diferentemente da fé esclarecida."
Dom Moacyr recomenda "muito cuidado" aos fiéis e pede que "não se deixem levar pela situação, mas esperem pela palavra do bispo da diocese local".
Para Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, "se o fato não muda a vida das pessoas, resulta em uma quase idolatria, o que a Bíblia condena". Em sua opinião, o fenômeno de Ferraz de Vasconcelos "é mais sociológico do que religioso". "É como as pessoas que torcem na Copa, pela esperança, em busca de consolo."
Sobre as novas aparições de figuras, Frei Betto recomenda cuidado. "Pode ser malandragem, gente querendo explorar o fato."
O professor de teologia da PUC-SP Fernando Altmeyer diz que, se visitar as supostas imagens de santas "não gera comunhão", não muda a vida das pessoas nem as torna melhores, "é o mesmo que visitar um museu". "Se as pessoas não vêem as crianças caídas, cheirando cola, se ficam só olhando para a janela, é um desastre."
Altmeyer diz que, se não forem milagres reais, o surto de imagens santas em São Paulo revela "uma ilusão ou paranóia pessoal". De acordo com ele, a fé pode desembocar até em "narcisismo" de pessoas que querem ter uma aparição da santa na própria casa. "É preciso manter o senso crítico, senão vira mercantilismo, peregrinação, não significa nada."



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