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Fato "é mais sociológico que religioso"
DA REPORTAGEM LOCAL
Para a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), esse
surto de "aparição de santas" deve ser tratado com cautela. Dom
Moacyr José Vitti, membro da
Comissão Episcopal da Doutrina
da Fé da CNBB, afirma que esses
eventos podem resultar em um
"desvio da fé". "Temos doutrinas
fundamentais na Igreja Católica
que não são folclore nem sentimentalismo. Esses fenômenos
podem ser uma manifestação de
sentimentalismo, diferentemente
da fé esclarecida."
Dom Moacyr recomenda "muito cuidado" aos fiéis e pede que
"não se deixem levar pela situação, mas esperem pela palavra do
bispo da diocese local".
Para Carlos Alberto Libânio
Christo, o Frei Betto, "se o fato
não muda a vida das pessoas, resulta em uma quase idolatria, o
que a Bíblia condena". Em sua
opinião, o fenômeno de Ferraz de
Vasconcelos "é mais sociológico
do que religioso". "É como as pessoas que torcem na Copa, pela esperança, em busca de consolo."
Sobre as novas aparições de figuras, Frei Betto recomenda cuidado. "Pode ser malandragem,
gente querendo explorar o fato."
O professor de teologia da PUC-SP Fernando Altmeyer diz que, se
visitar as supostas imagens de
santas "não gera comunhão", não
muda a vida das pessoas nem as
torna melhores, "é o mesmo que
visitar um museu". "Se as pessoas
não vêem as crianças caídas, cheirando cola, se ficam só olhando
para a janela, é um desastre."
Altmeyer diz que, se não forem
milagres reais, o surto de imagens
santas em São Paulo revela "uma
ilusão ou paranóia pessoal". De
acordo com ele, a fé pode desembocar até em "narcisismo" de pessoas que querem ter uma aparição da santa na própria casa. "É
preciso manter o senso crítico, senão vira mercantilismo, peregrinação, não significa nada."
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