São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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Desconfiança une pobres e ricos

DA REPORTAGEM LOCAL

Ofélia Amaral, 47, mora em Moema, bairro nobre da zona sul de São Paulo. É empresária, tem dois filhos. Judite dos Anjos Silva, 28, mora numa favela no Jardim São Luís, extremo sul da cidade. Está desempregada há quase um ano, tem uma filha. Em comum ambas só têm a água da represa Guarapiranga e a desconfiança.
"É freqüente ter um cheiro muito forte, não sei bem de quê, mas até quando abro o chuveiro eu sinto. E me deixa enjoada. Não tenho coragem de beber", resume Amaral. "Eu vejo como os córregos aqui perto são sujos. Será que eles conseguem mesmo limpar isso? Não custa prevenir", diz Silva.
Custar, custa. O medo de beber a água da torneira, o que, segundo a Sabesp, é seguro, alimenta um mercado que vai dos filtros aos galões de água mineral , passando por purificadores e até uma assinatura, nos moldes da TV a cabo, para ter uma "água melhor".
Amaral conta gastar mais de R$ 20 por mês em garrafões de água mineral. Usa para beber e cozinhar. Silva tem um filtro tradicional, de pia, metade de barro, metade de plástico. Custou "uns R$ 20", há mais ou menos dois anos.
Isso tudo é dinheiro jogado fora, diz Teia Magalhães, 57, que confia cegamente na qualidade da água tratada pela Sabesp. "Me criei e criei minhas duas filhas com água da torneira." A opinião favorável não deve ser desprezada, afinal Magalhães é ambientalista e coordenadora-executiva da ONG Água e Vida. (MV)


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