São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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RETIRADA
410 homens da Guarda Civil Metropolitana ocupam ruas ao redor da praça da Sé para auxiliar na remoção
Pitta quer acabar com camelôs no centro

Lalo de Almeida/Folha Imagem
Ambulantes fazem passeata no centro velho observados por policiais


CARLOS MAGNO DE NARDI
da Reportagem Local

A Prefeitura de São Paulo lançou uma ofensiva para tirar, mesmo que à força, todos os camelôs em atividade no centro da cidade. A meta estabelecida pelo prefeito Celso Pitta (PPB) é acabar com o comércio de ambulantes na região antes do final do ano.
Por volta das 0h de ontem, 410 homens e 25 carros da Guarda Civil Metropolitana ocuparam 17 ruas nas proximidades da praça da Sé para auxiliar no trabalho de remoção de barracas realizado por fiscais da prefeitura.
Todas as cerca de 2.000 barracas foram removidas. Trabalham no local cerca de 4.000 ambulantes.
Houve confronto por volta das 2h. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Economia Informal, 12 camelôs ficaram feridos a golpes de cassetetes.
A assessoria de comunicação social da Guarda confirmou o confronto, mas nega que camelôs tenham ficado gravemente feridos.
Segundo a assessoria da Guarda, o uso de violência foi necessário para garantir a remoção de barracas e a retirada dos camelôs das ruas. A assessoria informou ainda que foi localizado um botijão com 20 litros de gasolina.
Esse combustível, segundo a guarda, seria utilizado para provocar incêndios pelas ruas centrais durante manifestação dos camelôs. O diretor de organização do sindicato, Marcos Antonio Maldonado, nega a versão da GCM.
Antes da GCM chegar ao local, 160 homens da Polícia Militar -30 da tropa de choque- haviam debelado uma manifestação de cerca de 300 camelôs.
Essa manifestação começou meia hora antes do horário previsto para a blitz da Guarda Civil Metropolitana. Nela, os camelôs incendiaram barracas e apedrejaram lojas.

Reforço
Ontem pela manhã, foram deslocados para o centro mais 200 homens da GCM para impedir que os camelôs retomassem as ruas.
Por volta das 10h, novo tumulto e início de confronto. Desta vez envolvendo policiais militares e ambulantes. "Como eles ameaçavam depredar lojas fomos obrigados a agir com rigor", disse o major Paulo Roberto Zacarias, que comandava a operação policial. Não houve feridos.
Impedidos de voltar às ruas, os camelôs promoveram uma passeata pelas ruas do centro por volta das 14h.
Cerca de 150 camelôs -segundo a PM- participaram da manifestação contrária à remoção promovida pela gestão Celso Pitta (PPB).
Sob escolta de 160 policiais, os camelôs percorreram 11 ruas do centro -entre elas a 15 de novembro, a Direita e a São Bento.
Durante o protesto, a maioria das lojas fecharam as portas com receio de depredação. Vários camelôs foram abandonando a passeata que terminou com a participação de cerca de 50 ambulantes.
Os camelôs prometem novas manifestações a partir de segunda-feira. Eles pretendem "invadir" o viaduto Santa Ifigênia e a 25 de Março, onde, segundo eles, vários ambulantes trabalham regularmente devido a uma suposta proteção de vereadores.
A remoção de camelôs foi iniciada em 97 e intensificada em março deste ano. Pitta quer a transferência de todos os camelôs para os bolsões de comércio da prefeitura.
Segundo a Secretaria das Administrações Regionais, não há possibilidade de acordo.



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