São Paulo, sábado, 25 de julho de 1998

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Polícia liga suspeito a mortes no parque

MARCELO GODOY
da Reportagem Local

A cédula de identidade de uma das vítimas assassinadas pelo maníaco do parque do Estado (zona sudeste de São Paulo) foi achada ontem na empresa em que o principal suspeito dos crimes, o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, trabalhava e morava.
"Essa é a prova cabal de que ele é o assassino", disse o delegado Sérgio Alves, 35, da equipe C-Sul do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa). Por meio do advogado, o motoboy tem afirmado que é inocente.
Metade da cédula estava queimada, mas ainda era possível ver a foto e ler o número do documento, parte do nome da mulher e dos pais da vítima. A prova foi achada quando funcionários da empresa tentavam desentupir uma privada.
Ao retirar o vaso, eles acharam um osso de costela de vaca e vários documentos queimados. No meio deles, havia um único que não estava totalmente destruído: era a cédula de identidade da balconista Selma Ferreira Queiroz, 18.
Selma desapareceu em 3 de julho passado após fazer exames no departamento médico da empresa em que trabalhava. Era dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo, e ela foi assistir à partida no telão da avenida Paulista (centro).
O motoboy também foi assistir ao jogo no telão. Horas antes de o corpo de Selma ser achado no parque, no dia seguinte, um homem telefonou para a casa da família da balconista. Disse que estava com Selma e que só a libertaria com o pagamento de R$ 1.000.
Sara Ferreira, irmã de Selma, que atendeu a ligação, reconheceu a voz do motoboy gravada em um vídeo como sendo a do homem que tentou extorquir o dinheiro.
O motoboy deixou a empresa de entregas em que trabalhava no Brás (centro) no dia em que o retrato falado do maníaco foi divulgado. Ao patrão Jorge Alberto Santana, Pereira deixou um bilhete se desculpando pela saída.
O bilhete estava ao lado de um jornal aberto na folha em que havia o retrato falado. Um dia antes, ele teria feito uma fogueira no interior da empresa. "Era para queimar as provas", disse o delegado.
Ontem, após achar o documento na privada, o patrão avisou o delegado. Toda tubulação da empresa e os bueiros próximos serão revistados por funcionários da Sabesp em busca de outros documentos.

Indiciamento
Com a cédula, o delegado disse que irá indiciar o motoboy (acusá-lo formalmente) sob a acusação de matar Selma. "Vamos também indiciá-lo por um estupro, três atentados violentos ao pudor (toda violência sexual diferente da penetração na vagina) e pela morte de Raquel Mota Rodrigues."
Raquel foi achada morta em 16 de janeiro no parque do Estado. Seis dias antes, telefonara para a família dizendo que um homem a convidara para posar para fotos do catálogo de uma empresa de cosméticos. "Foi o mesmo pretexto usado para atrair as mulheres violentadas", disse Alves.



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