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Polícia liga suspeito a mortes no parque
MARCELO GODOY
da Reportagem Local
A cédula de identidade de uma
das vítimas assassinadas pelo maníaco do parque do Estado (zona
sudeste de São Paulo) foi achada
ontem na empresa em que o principal suspeito dos crimes, o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30,
trabalhava e morava.
"Essa é a prova cabal de que ele
é o assassino", disse o delegado
Sérgio Alves, 35, da equipe C-Sul
do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
Por meio do advogado, o motoboy
tem afirmado que é inocente.
Metade da cédula estava queimada, mas ainda era possível ver a
foto e ler o número do documento, parte do nome da mulher e dos
pais da vítima. A prova foi achada
quando funcionários da empresa
tentavam desentupir uma privada.
Ao retirar o vaso, eles acharam
um osso de costela de vaca e vários
documentos queimados. No meio
deles, havia um único que não estava totalmente destruído: era a
cédula de identidade da balconista
Selma Ferreira Queiroz, 18.
Selma desapareceu em 3 de julho
passado após fazer exames no departamento médico da empresa
em que trabalhava. Era dia de jogo
do Brasil na Copa do Mundo, e ela
foi assistir à partida no telão da
avenida Paulista (centro).
O motoboy também foi assistir
ao jogo no telão. Horas antes de o
corpo de Selma ser achado no parque, no dia seguinte, um homem
telefonou para a casa da família da
balconista. Disse que estava com
Selma e que só a libertaria com o
pagamento de R$ 1.000.
Sara Ferreira, irmã de Selma,
que atendeu a ligação, reconheceu
a voz do motoboy gravada em um
vídeo como sendo a do homem
que tentou extorquir o dinheiro.
O motoboy deixou a empresa de
entregas em que trabalhava no
Brás (centro) no dia em que o retrato falado do maníaco foi divulgado. Ao patrão Jorge Alberto
Santana, Pereira deixou um bilhete se desculpando pela saída.
O bilhete estava ao lado de um
jornal aberto na folha em que havia o retrato falado. Um dia antes,
ele teria feito uma fogueira no interior da empresa. "Era para queimar as provas", disse o delegado.
Ontem, após achar o documento
na privada, o patrão avisou o delegado. Toda tubulação da empresa
e os bueiros próximos serão revistados por funcionários da Sabesp
em busca de outros documentos.
Indiciamento
Com a cédula, o delegado disse
que irá indiciar o motoboy (acusá-lo formalmente) sob a acusação
de matar Selma. "Vamos também
indiciá-lo por um estupro, três
atentados violentos ao pudor (toda violência sexual diferente da
penetração na vagina) e pela morte de Raquel Mota Rodrigues."
Raquel foi achada morta em 16
de janeiro no parque do Estado.
Seis dias antes, telefonara para a
família dizendo que um homem a
convidara para posar para fotos
do catálogo de uma empresa de
cosméticos. "Foi o mesmo pretexto usado para atrair as mulheres violentadas", disse Alves.
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