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DESOCUPAÇÃO
Ex-moradores do Jardim Falcão discutem formas de indenização
Despejados se reúnem para
definir ações contra Estado
CLAUDIA VARELLA
da Agência Folha, no ABCD
Após uma passeata que durou
duas horas e meia, ex-moradores
do Jardim Falcão, em São Bernardo (Grande São Paulo), se reuniram ontem no plenário da Câmara
Municipal para definir um cronograma de ações e discutir qual será
o melhor procedimento jurídico
contra o Estado.
Quinze ex-moradores foram escolhidos para fazer parte de uma
comissão, que, na próxima segunda-feira, às 15h, irá se reunir com o
presidente da OAB-SP, Rubens
Approbato Machado. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
ofereceu assistência jurídica aos
ex-moradores.
Cerca de mil pessoas foram despejadas de suas casas no Jardim
Falcão na última quarta-feira, sob
a escolta de policiais militares da
tropa de choque. Houve confronto
de 11 horas com a PM.
Havia 350 imóveis no local (de
117 mil m2), que é considerado
área de manancial, próximo à represa Billings.
Até a tarde de ontem, cerca de
200 imóveis haviam sido demolidos. A operação de retirada dos
móveis e de demolição das casas
deverá terminar hoje. A prefeitura
cedeu 20 caminhões e três tratores
para o trabalho.
Ontem, cerca de 400 pessoas -a
metade de ex-moradores do Jardim Falcão- saíram em passeata
até o Paço Municipal de São Bernardo, num percurso de dez quilômetros. Apesar de complicar o
trânsito, não houve tumulto.
Amanhã, às 9h, está prevista
uma missa campal na área. Foi
aprovada também a realização de
assembléias semanais -sempre
aos domingos- no local para
manter os ex-moradores informados e unidos.
O advogado dos ex-moradores,
Gilberto Guedes, 43, disse ontem
que, em tese, cabem pelo menos
duas ações -uma de indenização
por danos materiais e morais contra o Estado, autor da ação de despejo- e outra contra as pessoas
que lotearam irregularmente o
terreno. No momento, essas pessoas, que já foram identificadas,
estão foragidas.
Os moradores têm contrato de
compra do lote registrado em cartório, mas não possuem as escrituras dos imóveis.
"Vamos aguardar a reunião
com a OAB para definir qual o melhor encaminhamento jurídico",
afirmou o advogado.
Outra alternativa, segundo ele,
seria conseguir que os moradores
voltassem a construir no local,
mas dentro de um projeto aprovado para a área de manancial. Na
área caberiam no máximo 60 lotes, mas há cerca de 600.
"Também podemos tentar negociar a área com alguma empresa
ou entidade para construir ali uma
área em preservação ambiental."
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