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INFÂNCIA
Distribuição, em todo o país, visa conscientizar profissionais de saúde para que façam denúncias ao Conselho Tutelar
Cartilha ensina a identificar agressões a menores
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
A maioria dos casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes não deixa evidências físicas. Esse é um dos motivos que levaram a Sociedade Brasileira de
Pediatria e o Ministério da Justiça,
com o apoio de outras entidades,
a elaborar uma cartilha que ensina médicos e profissionais de saúde a reconhecer agressões.
O "Guia de Atuação Frente a
Maus-Tratos na Infância e na
Adolescência", distribuído em todo o país, também visa conscientizar os profissionais de saúde para que notifiquem os casos de violência ao Conselho Tutelar.
A cartilha explica, primeiramente, o que o profissional de
saúde deve observar quando não
há sinais visíveis de agressão.
O manual recomenda que o médico sempre converse separadamente com o paciente antes de
ouvir a versão dos responsáveis
por ele.
O guia também relata os tipos
de agressão que devem ser observados com atenção quando há
evidências físicas. As lesões mais
comuns são percebidas na pele e
nas mucosas.
A cartilha também orienta o
médico a suspeitar de machucados encontrados no paciente e
não relatados por ele no início da
consulta. Além do reconhecimento das agressões, o guia explica como o médico deve se comportar
diante da família ao suspeitar de
maus-tratos. Os pais devem sempre ser notificados sobre as evidências.
Depois de constatado o abuso e
da notificação da família, é dever
ético do profissional procurar o
Conselho Tutelar e registrar a denúncia.
Estima-se que diariamente mais
de 18 mil crianças e adolescentes
sejam espancados no Brasil, segundo dados do Unicef, o fundo
da ONU para a infância. Para a
coordenadora da Campanha de
Prevenção à Violência, Raquel
Niskier, esse dado é subestimado.
"Grande parte das agressões não é
denunciada", disse ela.
De acordo com o Ministério da
Saúde, as causas externas (acidentes e violência) representam 64%
das mortes de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos. As agressões são a causa em 30% delas.
Niskier afirma que não são raras
as vezes em que a criança ou o
adolescente contam ter sofrido algum tipo de abuso, mas não são
ouvidos. Ela também diz que em
80% dos casos o agressor é o pai, a
mãe ou um parente próximo. "No
caso das meninas, a agressão mais
comum é a sexual. Nos meninos
os espancamentos são mais frequentes."
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