São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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INFÂNCIA
Distribuição, em todo o país, visa conscientizar profissionais de saúde para que façam denúncias ao Conselho Tutelar
Cartilha ensina a identificar agressões a menores

SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

A maioria dos casos de maus-tratos contra crianças e adolescentes não deixa evidências físicas. Esse é um dos motivos que levaram a Sociedade Brasileira de Pediatria e o Ministério da Justiça, com o apoio de outras entidades, a elaborar uma cartilha que ensina médicos e profissionais de saúde a reconhecer agressões.
O "Guia de Atuação Frente a Maus-Tratos na Infância e na Adolescência", distribuído em todo o país, também visa conscientizar os profissionais de saúde para que notifiquem os casos de violência ao Conselho Tutelar.
A cartilha explica, primeiramente, o que o profissional de saúde deve observar quando não há sinais visíveis de agressão.
O manual recomenda que o médico sempre converse separadamente com o paciente antes de ouvir a versão dos responsáveis por ele.
O guia também relata os tipos de agressão que devem ser observados com atenção quando há evidências físicas. As lesões mais comuns são percebidas na pele e nas mucosas.
A cartilha também orienta o médico a suspeitar de machucados encontrados no paciente e não relatados por ele no início da consulta. Além do reconhecimento das agressões, o guia explica como o médico deve se comportar diante da família ao suspeitar de maus-tratos. Os pais devem sempre ser notificados sobre as evidências.
Depois de constatado o abuso e da notificação da família, é dever ético do profissional procurar o Conselho Tutelar e registrar a denúncia.
Estima-se que diariamente mais de 18 mil crianças e adolescentes sejam espancados no Brasil, segundo dados do Unicef, o fundo da ONU para a infância. Para a coordenadora da Campanha de Prevenção à Violência, Raquel Niskier, esse dado é subestimado. "Grande parte das agressões não é denunciada", disse ela.
De acordo com o Ministério da Saúde, as causas externas (acidentes e violência) representam 64% das mortes de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos. As agressões são a causa em 30% delas.
Niskier afirma que não são raras as vezes em que a criança ou o adolescente contam ter sofrido algum tipo de abuso, mas não são ouvidos. Ela também diz que em 80% dos casos o agressor é o pai, a mãe ou um parente próximo. "No caso das meninas, a agressão mais comum é a sexual. Nos meninos os espancamentos são mais frequentes."


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