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Casal mata criança durante ritual
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
A polícia de Vitória da Conquista (BA) prendeu um casal que
confessou ter matado um menino
de seis anos em um ritual de magia negra. Os detidos disseram
ainda que assassinaram outras
crianças -a polícia investiga se a
informação é verdadeira.
Após serem detidos, o funileiro
Joaquim Alves, 71, e a dona-de-casa Priscila Souza Ferreira, 22, levaram os policiais a uma cisterna
onde haviam jogado o corpo de
Carlos André de Jesus Barros.
O menino estava com os pés e
mãos amarrados. A polícia constatou que o corpo apresentava
três perfurações no estômago e
diversas marcas de violência no
pescoço e nos braços.
A prisão ocorreu anteontem,
após uma semana de investigação
-desde o sumiço do menino.
Ontem, em depoimento à polícia,
a mãe do menino assassinado,
Maria Aparecida de Jesus, contou
que rezava todos os dias para que
Carlos André voltasse para casa.
"Nas minhas preces, pedia a
Deus para que meu filho voltasse.
Não sei como existem pessoas no
mundo que podem fazer maldade
a uma criança indefesa", disse a
mãe. Ela demonstrava perplexidade e disse não acreditar no que
havia ocorrido.
Denúncia
Sem pistas durante a investigação do desaparecimento do garoto, a polícia de Vitória da Conquista somente conseguiu localizar o corpo depois que recebeu
uma denúncia anônima.
Vizinhos do casal telefonaram
anteontem à delegacia e informaram que ouviram gritos de criança na casa de Alves e Priscila. A
polícia foi então até lá.
Depois de quase 40 minutos de
interrogatório, o casal confessou
o crime. Inicialmente, Alves disse
à delegada responsável pelo caso
que o menino havia sido assassinado por seu filho mais novo.
A delegada desconfiou da versão e continuou interrogando o
casal. No início da noite de anteontem, eles acabaram confessando o crime.
Mais vítimas
Os dois ainda disseram à polícia
que haviam matado outras crianças no mesmo ritual, mas não revelaram quantas. Depois, levaram
os policiais à cisterna onde estava
o corpo do garoto assassinado.
No início da tarde de ontem,
três policiais militares de Vitória
da Conquista começaram a investigar alguns locais que foram
apontados pelo casal para tentar
localizar os corpos de outras
crianças.
Segundo a PM, pelo menos três
crianças estão desaparecidas no
município, localizado a 505 km de
Salvador. Até o final da tarde de
ontem, nenhum corpo havia sido
localizado pelos policiais.
Não foi especificado no depoimento do casal o tipo de ritual que
foi praticado nem o motivo -por
exemplo, se o casal acreditava que
o sacrifício traria algum tipo de
poder.
Religião
A delegada apenas disse que eles
são adeptos do candomblé, o que
gerou protestos de representantes
da religião -que costuma ser associada a rituais de magia negra
por permitir alguns sacrifícios de
animais.
O presidente da Federação
Baiana do Culto Afro, Aristides
Oliveira Mascarenhas, nega a possibilidade de a criança ter sido assassinada em algum ritual do candomblé.
"A nossa religião não sacrifica
seres humanos. Em nossas oferendas, nós sacrificamos animais
de pequeno porte, como galos e
cabritos", afirmou Mascarenhas.
"Nós abominamos qualquer tipo
de violência."
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