São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2000


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Casal mata criança durante ritual

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A polícia de Vitória da Conquista (BA) prendeu um casal que confessou ter matado um menino de seis anos em um ritual de magia negra. Os detidos disseram ainda que assassinaram outras crianças -a polícia investiga se a informação é verdadeira.
Após serem detidos, o funileiro Joaquim Alves, 71, e a dona-de-casa Priscila Souza Ferreira, 22, levaram os policiais a uma cisterna onde haviam jogado o corpo de Carlos André de Jesus Barros.
O menino estava com os pés e mãos amarrados. A polícia constatou que o corpo apresentava três perfurações no estômago e diversas marcas de violência no pescoço e nos braços.
A prisão ocorreu anteontem, após uma semana de investigação -desde o sumiço do menino. Ontem, em depoimento à polícia, a mãe do menino assassinado, Maria Aparecida de Jesus, contou que rezava todos os dias para que Carlos André voltasse para casa.
"Nas minhas preces, pedia a Deus para que meu filho voltasse. Não sei como existem pessoas no mundo que podem fazer maldade a uma criança indefesa", disse a mãe. Ela demonstrava perplexidade e disse não acreditar no que havia ocorrido.

Denúncia
Sem pistas durante a investigação do desaparecimento do garoto, a polícia de Vitória da Conquista somente conseguiu localizar o corpo depois que recebeu uma denúncia anônima.
Vizinhos do casal telefonaram anteontem à delegacia e informaram que ouviram gritos de criança na casa de Alves e Priscila. A polícia foi então até lá.
Depois de quase 40 minutos de interrogatório, o casal confessou o crime. Inicialmente, Alves disse à delegada responsável pelo caso que o menino havia sido assassinado por seu filho mais novo.
A delegada desconfiou da versão e continuou interrogando o casal. No início da noite de anteontem, eles acabaram confessando o crime.

Mais vítimas
Os dois ainda disseram à polícia que haviam matado outras crianças no mesmo ritual, mas não revelaram quantas. Depois, levaram os policiais à cisterna onde estava o corpo do garoto assassinado.
No início da tarde de ontem, três policiais militares de Vitória da Conquista começaram a investigar alguns locais que foram apontados pelo casal para tentar localizar os corpos de outras crianças.
Segundo a PM, pelo menos três crianças estão desaparecidas no município, localizado a 505 km de Salvador. Até o final da tarde de ontem, nenhum corpo havia sido localizado pelos policiais.
Não foi especificado no depoimento do casal o tipo de ritual que foi praticado nem o motivo -por exemplo, se o casal acreditava que o sacrifício traria algum tipo de poder.

Religião
A delegada apenas disse que eles são adeptos do candomblé, o que gerou protestos de representantes da religião -que costuma ser associada a rituais de magia negra por permitir alguns sacrifícios de animais.
O presidente da Federação Baiana do Culto Afro, Aristides Oliveira Mascarenhas, nega a possibilidade de a criança ter sido assassinada em algum ritual do candomblé.
"A nossa religião não sacrifica seres humanos. Em nossas oferendas, nós sacrificamos animais de pequeno porte, como galos e cabritos", afirmou Mascarenhas. "Nós abominamos qualquer tipo de violência."


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