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PATRIMÔNIO
STJ garantiu indenização a proprietário; Estado vai recorrer e admite até revogar o tombamento do local
Dono de casarão na Paulista ganha R$ 55 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
O Estado de São Paulo deverá
desembolsar cerca de R$ 55 milhões (valores de janeiro) pelo
tombamento do casarão de número 1.919 da avenida Paulista,
que passou a ser considerado patrimônio histórico desde 92 pela
Secretaria de Estado da Cultura.
O Superior Tribunal de Justiça
(STJ) divulgou ontem a decisão
sobre o recurso apresentado pela
Fazenda do Estado.
Para os juízes, a indenização pelo tombamento deve ser paga ao
proprietário do casarão, Rubens
Franco de Mello.
Porém, segundo o procurador-geral do Estado, Márcio Sotello
Felipe, a Fazenda irá recorrer da
decisão. Esse será o último recurso que cabe nesse processo.
Há oito anos, o proprietário do
casarão entrou com uma ação no
Tribunal de Justiça de São Paulo,
pedindo indenização por se sentir
prejudicado pelo tombamento.
O tipo de tombamento não permite que o imóvel, construído entre 1905 e 1932, sofra modificações, mesmo que a estrutura básica seja mantida.
"Não se pode colocar nem ar-condicionado na casa. Até as vagas de garagem são proibidas",
diz o advogado de Mello, Riad
Gattaz Cury.
A avenida Paulista tem o metro
quadrado mais caro do país, e o
proprietário reclama de não poder usufruir da área, que tem
2.000 m2. Atualmente, funciona
um sebo no local.
Segundo Cury, o pagamento da
indenização foi estipulado no
processo para ser feito em dez
parcelas anuais.
Revogar o tombamento
O procurador-geral do Estado
afirma que a Fazenda não pagará
a indenização em nenhuma hipótese. "Em último caso, estudaremos, com a Secretaria de Cultura,
que se revogue esse tombamento", diz Sotello Felipe.
Em seu parecer, o tombamento
não prevê indenização, e, além
disso, o imóvel sofre outras restrições de uso fora a imposta pelo
Estado. "Há a lei municipal 9725/
84, que já considera o caráter histórico da construção."
Sotello Felipe diz também que o
valor da indenização é alto demais comparado ao do imóvel.
O Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) avalia o
valor do casarão entre R$ 14 milhões e R$ 20 milhões. "Se aceitarmos essa decisão, teremos de indenizar a cidade inteira", declara
o procurador-geral.
"Casa de operário"
O advogado Riad Gattaz Cury
previa que a Fazenda entrasse
com o último recurso. "O Estado
não paga indenização nem de casa de operário na beira do córrego." Ele avalia, porém, que a decisão do STJ é "clara o suficiente para derrotar qualquer recurso".
"Caso tenhamos uma derrota,
estaremos revogando o direito de
propriedade privada no país", diz
o advogado. Já o procurador-geral afirma que o Estado ainda tem
chances na disputa. O último recurso analisa somente os princípios constitucionais do processo.
"Nos baseamos no fato de que todos os moradores de São Paulo
têm restrições quanto ao uso dos
seus imóveis", justifica.
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