São Paulo, quarta-feira, 25 de agosto de 2004

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Oposição impõe comissão a Alckmin

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL

A oposição ao governo do Estado na Assembléia paulista aproveitou ontem o momento de fragilidade do tucano Geraldo Alckmin no caso do massacre dos moradores de rua e aprovou a criação de uma comissão para acompanhar a apuração da polícia.
Foi mais um passo do PT para acuar o governo estadual e "carimbar" a campanha tucana de José Serra a prefeito paulistano com o caso dos assassinatos.
Os tucanos, por orientação do governador, foram contra a criação da comissão, mas acabaram derrotados pela oposição com a ajuda de partidos da base aliada ao Palácio dos Bandeirantes, entre eles PTB e PPS.
Pelo menos nove deputados formarão a comissão que acompanhará o trabalho da Secretaria Estadual da Segurança no caso. O PT, por ter sido o partido com o maior número de parlamentares a assinar o requerimento de instalação -10 entre as 31 assinaturas- deverá ficar com o maior número de vagas.
O governo e o PSDB se articulam para reagir, mas, a portas fechadas, reconhecem que permanecerão em situação difícil enquanto o titular da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, o nome mais próximo de Alckmin no primeiro escalão, não apresentar resultados das investigações.
"Assim que nós apresentarmos os responsáveis, o problema dos moradores de rua volta para o colo da prefeita imediatamente", disse um dos coordenadores da campanha de José Serra.
O secretário da Segurança foi um dos pré-candidatos do PSDB a prefeito de São Paulo antes de Serra ter aceitado o convite para disputar a sucessão de Marta Suplicy. Abreu Filho contava com o apoio não-declarado de Alckmin, o que deixou seqüelas em tucanos que hoje questionam internamente a ação da polícia no caso.
Sem citar diretamente os crimes, a campanha na TV dos tucanos pretende discutir a situação dos moradores de rua em São Paulo e cobrar da prefeitura petista promessas que teriam sido feitas por Marta Suplicy.
Outro ponto a ser abordado é a iluminação no centro da capital, que seria deficitária e dificultaria o trabalho de prevenção dos policiais. Em seu mandato, a prefeita criou uma taxa para a iluminação pública da capital paulista.
O governo paulista acusa o PT de utilizar politicamente os crimes. "A prefeitura petista está fazendo um uso eleitoral do massacre, dessa coisa triste, o que não é bom para ninguém", disse o vice-governador do Estado, Cláudio Lembo, um dos principais líderes paulistas do PFL, partido coligado com o PSDB na capital.
O comando da campanha de Marta Suplicy e a bancada do PT na Assembléia negam a acusação.
No domingo, Alckmin se reuniu com o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, que havia criticado a polícia. O governador prometeu empenho 24 horas de seus homens para elucidar os crimes na cidade.
Em entrevista ontem, o governador disse que há 50 delegados e especialistas trabalhando na investigação. "O prazo de esclarecimento é o mais rápido possível."

Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha (PT-SP), criou ontem, por ofício, uma comissão de 11 deputados que acompanharão as investigações do caso de agressão a moradores de rua em São Paulo. O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) presidirá a comissão.
Já a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) anunciou ontem o envio à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) de uma denúncia sobre os crimes.


Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Reportagem Local


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