|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Oposição impõe comissão a Alckmin
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL
A oposição ao governo do Estado na Assembléia paulista aproveitou ontem o momento de fragilidade do tucano Geraldo Alckmin no caso do massacre dos moradores de rua e aprovou a criação de uma comissão para acompanhar a apuração da polícia.
Foi mais um passo do PT para
acuar o governo estadual e "carimbar" a campanha tucana de
José Serra a prefeito paulistano
com o caso dos assassinatos.
Os tucanos, por orientação do
governador, foram contra a criação da comissão, mas acabaram
derrotados pela oposição com a
ajuda de partidos da base aliada
ao Palácio dos Bandeirantes, entre eles PTB e PPS.
Pelo menos nove deputados
formarão a comissão que acompanhará o trabalho da Secretaria
Estadual da Segurança no caso. O
PT, por ter sido o partido com o
maior número de parlamentares
a assinar o requerimento de instalação -10 entre as 31 assinaturas- deverá ficar com o maior
número de vagas.
O governo e o PSDB se articulam para reagir, mas, a portas fechadas, reconhecem que permanecerão em situação difícil enquanto o titular da Segurança,
Saulo de Castro Abreu Filho, o
nome mais próximo de Alckmin
no primeiro escalão, não apresentar resultados das investigações.
"Assim que nós apresentarmos
os responsáveis, o problema dos
moradores de rua volta para o colo da prefeita imediatamente",
disse um dos coordenadores da
campanha de José Serra.
O secretário da Segurança foi
um dos pré-candidatos do PSDB
a prefeito de São Paulo antes de
Serra ter aceitado o convite para
disputar a sucessão de Marta Suplicy. Abreu Filho contava com o
apoio não-declarado de Alckmin,
o que deixou seqüelas em tucanos
que hoje questionam internamente a ação da polícia no caso.
Sem citar diretamente os crimes, a campanha na TV dos tucanos pretende discutir a situação
dos moradores de rua em São
Paulo e cobrar da prefeitura petista promessas que teriam sido feitas por Marta Suplicy.
Outro ponto a ser abordado é a
iluminação no centro da capital,
que seria deficitária e dificultaria
o trabalho de prevenção dos policiais. Em seu mandato, a prefeita
criou uma taxa para a iluminação
pública da capital paulista.
O governo paulista acusa o PT
de utilizar politicamente os crimes. "A prefeitura petista está fazendo um uso eleitoral do massacre, dessa coisa triste, o que não é
bom para ninguém", disse o vice-governador do Estado, Cláudio
Lembo, um dos principais líderes
paulistas do PFL, partido coligado
com o PSDB na capital.
O comando da campanha de
Marta Suplicy e a bancada do PT
na Assembléia negam a acusação.
No domingo, Alckmin se reuniu com o cardeal-arcebispo de
São Paulo, dom Cláudio Hummes, que havia criticado a polícia.
O governador prometeu empenho 24 horas de seus homens para
elucidar os crimes na cidade.
Em entrevista ontem, o governador disse que há 50 delegados e
especialistas trabalhando na investigação. "O prazo de esclarecimento é o mais rápido possível."
Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara dos
Deputados, João Paulo Cunha
(PT-SP), criou ontem, por ofício,
uma comissão de 11 deputados
que acompanharão as investigações do caso de agressão a moradores de rua em São Paulo. O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) presidirá a comissão.
Já a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) anunciou ontem
o envio à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA
(Organização dos Estados Americanos) de uma denúncia sobre os
crimes.
Colaboraram a Sucursal de Brasília e a
Reportagem Local
Texto Anterior: Três vítimas morreram com um só golpe Próximo Texto: Em Guarulhos, homem é acusado de ataque Índice
|