São Paulo, quinta-feira, 25 de agosto de 2005

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O OUTRO LADO DA RUA

Um tenente e um capitão estão entre os presos a partir de investigação iniciada por gravações de aposentada

Grampos revelam suborno do tráfico a PMs

Carlo Wrede/Agência O Dia
Policiais durante operação feita ontem na ladeira dos Tabajaras


DA SUCURSAL DO RIO

As gravações da aposentada de Copacabana permitiram que a polícia prendesse -desde maio, quando a fita foi entregue- 22 pessoas, sendo nove PMs, incluindo um tenente e um capitão.
Sete policiais militares foram detidos ontem administrativamente por envolvimento com os traficantes de drogas da ladeira dos Tabajaras.
Eles foram flagrados, em escutas autorizadas judicialmente, conversando com traficantes, a partir de investigações iniciadas com os vídeos produzidos pela aposentada.
Foram pedidos mais 13 mandados de prisão. No total, as gravações da aposentada e as investigações da polícia resultaram na expedição ou no pedido de mandados de prisão para 28 pessoas. Seis ainda estão foragidas.
Dos traficantes que aparecem nas gravações feitas pela polícia, sete já estavam presos e conversavam com os cúmplices usando celulares dentro do complexo penitenciário do Rio.
A Secretaria de Segurança do Rio divulgou trechos de escutas em que policiais militares negociam com traficantes, cobram propinas e também fazem a segurança das bocas-de-fumo.
Em uma conversa entre os traficantes Sérgio Francisco do Nascimento, o Mais Velho, e Bruno de Carlantonnio Martins, o BR, de 18 de junho, eles falam do preço da propina a ser paga aos policiais.
"Então, arruma um mototáxi aí pra mandar dois conto e meio (R$ 2.500,00) do arrego (propina paga a policiais) do moço daí de baixo aí. O cara que matou o amigo é esses otário aí que tá indo embora aí. O cara que entrou agora não tem nada a ver não, entendeu?", diz Mais Velho a BR.
Em outro diálogo, gravado em 16 de junho, Mais Velho conversa com um PM sobre a propina.

Disque-drogas
Além de receber usuários em suas bocas-de-fumo, os traficantes da ladeira dos Tabajaras mantêm um esquema de entrega de drogas a consumidores de classe média da zona sul. Os traficantes usam como "mulas" (transportadores) os motoqueiros que realizam serviços de mototáxi.
O esquema foi descoberto em 2003 quando da prisão do traficante Ronaldo Pinto Lima e Silva, o Ronaldinho do Tabajaras, que, até hoje, comanda a venda de drogas no local, mesmo estando no presídio de segurança máxima de Bangu 3. Ronaldinho é ligado à facção criminosa CV (Comando Vermelho), segundo a polícia.


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