São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006

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Clima seco deixa capital paulista em alerta

Índices também foram baixos em Perus, Vila Prudente, Jaçanã e Campo Limpo; situação continua ruim no interior paulista

Meteorologistas dizem que clima seco desta semana é inédito; para geógrafos e urbanistas, lagos e áreas verdes atenuariam efeitos


DO "AGORA"
DA FOLHA ONLINE
DA FOLHA RIBEIRÃO

Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo, registrou ontem umidade relativa do ar de 17%. Foi o menor índice na capital paulista, que está em estado de alerta. Vila Prudente (zona leste), Perus (zona norte), Jaçanã (zona norte) e Campo Limpo (zona sul) também tiveram umidade do ar inferior a 22%, segundo com o CGE (Centro de Gerenciamento de Emergência) da prefeitura.
Quando o nível de umidade fica entre 12% e 20%, é anunciado estado de alerta e se recomenda evitar atividades físicas e trabalho ao ar livre. O ideal é acima de 60%. O clima mais úmido ontem foi observado em Santana (zona norte): 42%.
A previsão é que a umidade do ar na cidade aumente domingo, quando deve chover.
A situação é pior no interior do Estado. Araraquara (273 km de SP) registrou taxa de 11,5%, às 14h, conforme a Defesa Civil estadual, o que configura estado de emergência -abaixo de 12%. Anteontem, o nível foi ainda mais baixo: 9%, às 16h.
Em Ribeirão Preto (314 km de SP), que teve clima muito seco três dias seguidos na semana, a menor taxa ontem foi de 29,4%, às 17h. Na segunda-feira, chegou a 4,8% -o índice, registrado pelo Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), foi o mais baixo já medido no país, 4,8%.
Pelos dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), ao menos duas cidades registraram índices que as colocam em estado de alerta. Em Avaré (262 km de SP), o índice chegou a 14%. Em Sorocaba (100 km de SP), foi de 16%.
A umidade do ar continuará baixa até hoje, informou o instituto. Só haverá melhora no sábado, quando uma frente fria chega ao Estado e provoca chuva no sul. A previsão para domingo é de chuva em todo o Estado, quando os índices de umidade do ar devem chegar a 60%.

"Excepcionais"
Os baixos índices de umidade relativa do ar registrados nesta semana no Brasil foram qualificados como "excepcionais" e "inéditos" por climatologistas e meteorologistas ouvidos pela Folha. Soluções para amenizar o problema são a construção de lagos e espelhos-d'água e a ampliação das áreas verdes.
A umidade baixa é resultado de uma massa de ar quente muito forte que se instaurou em parte do país, impedindo a entrada de frentes frias.
Segundo o Inmet, este inverno está sendo o mais quente e seco desde 1938, com temperaturas de 3C a 5C acima da média. Além do recorde de Ribeirão, Campo Grande (MS) registrou anteontem a umidade mais baixa de todos os tempos no município, 7%. A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera preocupantes índices abaixo de 30%, que podem trazer problemas à saúde.
"Neste ano a baixa umidade se alastrou por Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, São Paulo e Paraná. Os valores são excepcionalíssimos para essas regiões", disse o meteorologista Expedito Rebello, do Inmet. De acordo com ele, no inverno praticamente não choveu em 90% do Brasil.

Microclima
Geógrafos, urbanistas e meteorologistas defendem a construção de lagos e espelhos-d'água associada à ampliação de áreas verdes como medidas eficazes para atenuar os efeitos da baixa umidade e até diminuir a temperatura das metrópoles.
"Grandes superfícies de água, como os lagos e espelhos-d'água, funcionam como a brisa que vem do mar em locais distantes do oceano. O microclima no entorno do lago é favorecido, as temperaturas diminuem e a umidade aumenta", disse Antônio Marengo, do Cptec.
Para o professor de planejamento e urbanismo da USP Luís Carlos Costa, as cidades deveriam deixar áreas mais livres para finalidades coletivas. "O modelo de ocupação das cidades está voltado para o mercado, não há áreas livres para parques, por exemplo."


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