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SAÚDE
Pílula com efeito prolongado e o uso do Viagra em mulheres estão entre as novidades; médicos temem uso "recreacional" de substância
Mercado da impotência ganha novas drogas
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um comprimido para ereção que dura "o final de semana inteiro", novas opções de drogas para "meio período" -que agem até oito horas-, e um "Viagra cor-de-rosa" para mulheres com dificuldade para se excitar.
Essas são algumas das notícias anunciadas no 10º congresso
mundial da Issir, a Sociedade Internacional para Pesquisa em Sexo e Impotência, que acontece em Montreal, no Canadá.
As novas drogas para a ereção devem chegar às farmácias no próximo ano. O Cialis, nome comercial da substância tadalafil, está sendo lançado pelo laboratório
Eli Lilly. Os estudos apresentados
em Montreal mostram que em
60% dos homens a droga manteve seu efeito depois de 24 e 36 horas da ingestão. Nas primeiras horas, a eficácia ficaria em 80%.
A outra novidade é o Levitra
(vardenafil), lançamento conjunto dos laboratórios Bayer e GlaxoSmithKline, anunciado ontem
no congresso da Issir com a promessa de maior eficácia e rapidez.
O Viagra (sildenafil), lançado
em 1998 pela Pfizer como a primeira droga oral para disfunção
erétil, é hoje o medicamento que
mais fatura. Estima-se que, a cada
segundo, quatro comprimidos sejam vendidos no mundo.
As três drogas têm o mesmo
mecanismo de ação: inibem uma
enzima (fosforodiesterase-5), facilitando a ereção. Como a ereção
depende de um estímulo sexual,
as drogas só agem quando a pessoa está excitada.
Assim, se uma pessoa toma o
comprimido e, por exemplo, é
convocada para uma reunião no
trabalho, a ereção não necessariamente ocorrerá. No caso do Cialis, esse efeito chega a perdurar
por um período de até 36 horas, o
que permitiria mais de uma relação com o mesmo comprimido,
desde que haja desejo e estímulo.
O preço do Viagra varia de R$ 15 a
R$ 30 o comprimido, dependendo da dosagem. As outras drogas
ainda não têm preço definido.
"A grande vantagem das novas
opções é poder oferecer a droga
adequada a cada grupo específico
de paciente", diz Celso Gromatzky, da Faculdade de Medicina da USP e do Prosex, Projeto de Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas.
Viagra, Cialis e Levitra não devem ser tomados por pacientes
que fazem uso de drogas que contenham nitrato-geralmente usadas em tratamento para cardíacos. Nesse caso, o paciente substitui o nitrato ou opta pelo Uprima,
medicamento da Abbott que tem outro mecanismo de ação.
"Uso recreacional"
Mesmo com os novos concorrentes anunciados -e outros ainda não revelados- o mercado da ereção ainda tem espaço de sobra.
Estudos no Brasil e no exterior mostram que apenas um em cada
dez homens com disfunção erétil está sendo tratado. E que cerca de
50% dos homens entre 40 e 70 têm esse tipo de disfunção. A disfunção erétil se caracteriza por uma incapacidade persistente para obter e manter uma ereção adequada para uma relação sexual.
Como o Viagra é vendido livremente nas farmácias (os demais
ainda aguardam aprovação nos
EUA e no Brasil), acredita-se que
ele possa estar sendo tomado por
quem não precisaria usá-lo.
"A idade média do consumidor
do Viagra caiu de 50 para 35
anos", afirma Sidney Glina, urologista do Instituto H. Ellis e que
nesta quarta-feira está deixando a
presidência da Issir.
Como não há pesquisas sobre o
perfil do usuário do Viagra, a avaliação depende da observação em
consultórios e clínicas. "A maioria dos pacientes que precisam
ainda não está se beneficiando
dessas drogas", diz Glina.
O "uso recreacional", do jovem
de 20 anos que experimenta na
noitada do sábado, preocupa somente na medida em que pode
criar nele uma dependência psíquica. "Em alguns casos, o jovem
poderá estar se valendo do remédio para tentar resolver outro
problema", afirma Gromatzky.
Em boa parte dos casos, no entanto, os pacientes são adultos entre 35 e 45 anos que desejam melhorar a qualidade de suas relações. "Eles só querem transar
mais e melhor e não há nenhuma
contra-indicação para isso", diz
Luiz Otávio Torres, da Sociedade
Brasileira de Urologia.
Como são drogas novas, não há
ainda estudos sobre possíveis
efeitos colaterais do uso contínuo
e ao longo de vários anos. A sugestão dos especialistas é que o
paciente seja acompanhado por
um médico ao usar essas drogas.
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