São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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SEGURANÇA

Acusado de entregar armas e chaves usadas na rebelião do último dia 11 no presídio de Bangu 1, ele foi preso e negou o fato

Agente é suspeito de conivência em motim

DA SUCURSAL DO RIO

A juíza da 1ª Vara Criminal de Bangu (zona oeste do Rio), Sônia Maria Gomes Pinto, autorizou ontem a quebra dos sigilos bancário e fiscal do agente do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário) Marcus Vinícius Tavares Gavião, 30, o Playboy.
A medida foi proposta pela Draco (Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais), que, na noite de anteontem, prendeu o agente sob a acusação de conivência com os presos rebelados no presídio Bangu 1 no último dia 11. Playboy foi preso em casa (Campo Grande, zona oeste).
Segundo o titular da Draco, delegado Ricardo Hallak, Playboy foi acusado por colegas de plantão de ter recebido R$ 400 mil do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, para entregar as cópias das chaves e as armas utilizadas pelos rebelados, aliados de Beira-Mar.
Em depoimento, o agente negou as acusações. Questionado por Hallak sobre o fato de ter chegado atrasado ao serviço no dia da rebelião, Playboy disse que sofreu um acidente de carro quando ia para o presídio. A advogada Cecília Machado, que defende Beira-Mar, afirmou que o cliente nega ter dado dinheiro a Playboy.
Para o secretário estadual de Justiça, Paulo Saboya, a prisão de Playboy confirmou a suspeita que ele tinha levantado no dia da rebelião: de que houve corrupção.
O motim deixou quatro mortos, entre eles Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê. O diretor do presídio, Ricardo Gama, e 13 agentes penitenciários foram afastados.
O delegado disse que Playboy teria recebido uma proposta de R$ 200 mil de Uê para facilitar a sua fuga e a de todos os integrantes das facções ADA (Amigo dos Amigos) e do TC (Terceiro Comando). Posteriormente, teria relatado o plano a Beira-Mar, do CV (Comando Vermelho), que dobrara o valor, segundo Hallak.
O delegado disse que o carro de Playboy estava realmente amassado, mas que não acreditou na versão. "Foi um álibi de defesa que ele encontrou", declarou.
Hallak disse que agentes afirmaram que o preso Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, teria perguntado por Playboy pouco antes do início da rebelião. O delegado esteve ontem no Batalhão de Choque para ouvir o traficante, que não quis prestar depoimento.
O delegado da Draco informou que o agente será indiciado por ter supostamente cometido os crimes de facilitação de fuga, motim e arrebatação de presos e cárcere privado.


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