São Paulo, quarta-feira, 25 de setembro de 2002

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TRANSPORTE

Viações e até a prefeitura deixam em circulação 85% dos veículos que, segundo vistoria, não têm condições de segurança

SP mantém nas ruas ônibus reprovado

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas de ônibus de São Paulo e a própria prefeitura mantêm em circulação até hoje 783 -85%- dos 919 ônibus reprovados em vistoria há três meses.
Esses veículos tiveram notas inadequadas do FEC (Fator de Estado de Carroceria), que avalia as condições de segurança e conforto, e deveriam ter saído das ruas ou passado por consertos.
A vistoria do FEC é feita pela SPTrans -São Paulo Transporte, órgão da prefeitura que cuida do setor. Dos 919 reprovados, apenas 136 saíram de circulação, e nenhum deles foi reformado.
A SPTrans inabilitou inicialmente 301 ônibus, que ficaram proibidos de operar a partir de 6 de julho. Na avaliação dos fiscais, eles não podiam nem ser recuperados. Na época, as viações receberam 60 dias para reformar os demais 618 ônibus, que, embora reprovados na vistoria, ainda poderiam passar por melhorias. Se a determinação não fosse cumprida, também seriam inabilitados.
Dos 301, 213 (71%) continuam rodando nas viações São Judas, Santa Bárbara e Parelheiros, nas zonas sul e leste. Essas empresas pertencem ao grupo Romero Niquini, mas tiveram seus contratos rompidos no último dia 7 por problemas na arrecadação. Desde então, elas estão sob controle da SPTrans, que mantém nas ruas os veículos reprovados -que já vinham rodando por causa de uma liminar obtida pelo empresário.
O prazo para a reforma dos 618 acabou no começo deste mês, mas nenhum deles sofreu melhorias e apenas 48 (7,8%) foram retirados de operação. Cerca de 450 dos 570 que permanecem rodando pertencem a Niquini e estão, agora, sob gerência da prefeitura. Os demais 120 se distribuem entre empresas de todas as regiões de São Paulo, principalmente na sul.
Os 783 ônibus reprovados e que continuam rodando representam mais de 8% da frota operacional.
No começo de julho, quando os primeiros 301 foram inabilitados, a prefeitura informou que repassaria para os perueiros as linhas dos não fossem reformados.
A diretora operacional da SPTrans, Maria Olívia Aroucha, afirmou ontem estar negociando um novo prazo com os empresários. "Nós estamos em um período transitório em que às vezes existe uma dificuldade maior para exigir que eles reformem ou tirem de operação alguns veículos."
Maria Olívia disse que, embora tenham sido reprovados na vistoria de conforto e segurança, os principais problemas desses ônibus não colocam em risco os passageiros. "A nossa avaliação é que eles causam desconforto principalmente. São coisas na carroceria, janela, trepidação, banco."
A diretora afirmou que, nos últimos três meses, também foram inabilitados 31 ônibus que não haviam sido vetados na vistoria. "A gente tem tentado acompanhar e indicar para baixar [retirar de circulação" os veículos que podem comprometer a segurança."
Ela afirmou que a prefeitura manteve nas ruas a frota de Niquini reprovada na vistoria porque "existe uma necessidade de dar continuidade à operação" e não há como substitui-los. "A frota é do Niquini, não vamos reformar os veículos. Como ele não está operando, ele também não vai reformar os veículos para nós."
O Transurb (sindicato das viações) informou que os ônibus não foram reformados por problemas financeiros das empresas. O órgão diz que elas sofrem descontos na remuneração e recebem multas por causa dos veículos em más condições -informação não confirmada pela SPTrans.


Colaborou DAGUITO RODRIGUES


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