ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia de São Paulo identificou cerca de dez imóveis, entre eles uma casa de R$ 300 mil em condomínio fechado na capital, que teriam sido comprados com dinheiro de drogas pelo traficante Claudair Lopes de Faria, 32, o CL, ligado ao Comando Vermelho e que escapou de um cerco do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) no último sábado.
Na operação do final de semana que envolveu cem policiais em quatro cidades diferentes, a Polícia Civil apreendeu 420 kg de cocaína e deteve cinco pessoas, incluindo o irmão e braço direito de CL, João Batista de Faria, 40.
Segundo o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc, parte dos bens está em nome da mulher do traficante, presa no Paraná. ""Não adianta prender um traficante sem acabar com sua estrutura financeira", afirmou.
A polícia investiga ainda supostos esquemas de lavagem de dinheiro envolvendo CL, que seria dono de duas concessionárias de carros em Osasco, na Grande São Paulo. Ainda não se tem uma idéia do tamanho do patrimônio do traficante, descrito pelo Denarc como um dos principais fornecedores de drogas de São Paulo e ""compadre" de Fernandinho Beira-Mar, do Rio de Janeiro.
Os bens de CL podem ser confiscados pela Justiça.

Alcance
De acordo com Souza, CL abastecia, além da capital e Grande São Paulo, cidades de Minas Gerais e de Mato Grosso do Sul.
As conclusões sobre as atividades dele foram tiradas de 400 horas de contatos telefônicos gravados pela polícia durante seis meses de investigações. O grupo utilizava dois telefones por satélite, trazidos da Holanda, proibidos no Brasil e que dificultavam o rastreamento das ligações.
A quadrilha, segundo o Denarc, manteve contatos com integrantes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de quem comprava cocaína.
Ontem, a polícia informou que a irmã de um gerente do tráfico ligado a CL, Sandro José de Oliveira, o Perneta, tem um filho com o traficante Beira-Mar.
Oliveira fugiu em julho de 2000 de um hospital da capital, depois de simular um suposto infarto na Penitenciária do Estado, no Carandiru. Sete meses depois, ele foi flagrado pela Corregedoria da Polícia Civil tentando subornar quatro investigadores de Osasco que o haviam prendido. Teria oferecido R$ 500 mil aos policiais.


Texto Anterior: Justiça: Skinhead é condenado a 19 anos
Índice