UOL


São Paulo, quinta-feira, 25 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Veranistas propõem "boicote" ao Guarujá

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Paulistanos proprietários de imóveis no Guarujá (SP) desencadearam um movimento informal de boicote ao turismo na cidade, em protesto contra a onda de assaltos que no último domingo resultou no assassinato do chileno Waldo Arturo Ugalde Erazo, 51, na praia da Enseada.
O objetivo é "esvaziar" a cidade no final de semana de 4 e 5 de outubro, a fim de pressionar as autoridades a conter a violência.
A estratégia consiste numa "corrente" -cada um liga para outros dois donos de casas ou apartamentos de veraneio na cidade a fim de convencê-los a não viajar para o Guarujá nessa data.
Até ontem, a "corrente" já envolvia cerca de 300 pessoas em São Paulo, segundo contabilizou o organizador do movimento, o empresário Nicolau Amaral, proprietário de um apartamento no morro do Maluf e que já teve uma corrente de ouro levada por dois adolescentes armados, na praia das Pitangueiras.
"Eles moram em São Paulo e querem deixar de vir para o Guarujá por causa de assalto? Deveriam então mudar de país. Quando vou a São Paulo, fico com mais medo do que quando ando no Guarujá", reagiu o prefeito Maurici Mariano (PTB). Ele já teve a casa invadida e o relógio roubado por um garoto na Enseada.
"Esses casos ocorrem todas as semanas. Todos os meus conhecidos já foram assaltados. Mas os comerciantes fazem pressão contra a divulgação para não afugentar os turistas da cidade", afirmou Nicolau Amaral.
O presidente da Associação Comercial do Guarujá, Rogério Sachs, nega que o comércio tente "esconder" a violência como forma de evitar a fuga de turistas.
"Esse tipo de mídia nunca é positiva, mas Guarujá não tem motivo para esconder porque o problema de segurança é nacional. Só que, no caso do chileno, o menor que atirou foi preso várias vezes, e a Justiça não o colocou onde ele deveria estar", afirmou.
Dona de um apartamento na Enseada, a jornalista Beatriz Barros, 51, decidiu aderir à "corrente". Há um ano, quando caminhava no calçadão da praia, foi ameaçada por um homem com um facão, que levou uma corrente de ouro e o celular de uma amiga.
No início deste ano, dois meninos, um deles supostamente armado, exigiram que entregasse a bolsa. "Não sei mais se devo sair sem dinheiro ou se levo R$ 50 para colaborar com o ladrão", disse.
O capitão José Messina Filho, oficial de Operações do 21º Batalhão da Polícia Militar, com sede no Guarujá, afirmou que, antes da temporada de verão, entrará em funcionamento a terceira companhia da PM na cidade.
Com 120 homens -atualmente, o efetivo total na cidade é de 350-, a companhia ocupará uma casa a ser alugada pela prefeitura na região da Enseada e, além do bairro, também será responsável pelo policiamento nas regiões das praias do Perequê e Pernambuco.
O adolescente de 15 anos acusado de ter atirado contra o chileno continuava foragido. Policiais civis capturaram ontem outro menor, que teria confessado a autoria de 16 assaltos cometidos neste mês em parceria com o foragido.
Segundo o capitão Messina, cerca de 50% dos roubos na cidade são cometidos por menores.


Texto Anterior: Transportes: Prefeitos propõem reduzir em 50% preço de diesel para baixar tarifas
Próximo Texto: Panorâmica - Violência: Diretor do IML é atacado a tiros no Rio
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.