São Paulo, sábado, 25 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Serviço terá dez bancos de coleta de sangue de cordão umbilical; tempo para encontrar doador deve cair de 6 meses para 40 dias

Rede deve reduzir espera por transplante

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério da Saúde lançou ontem o Brasilcord, rede pública de bancos de sangue de cordão placentário e umbilical. O material é coletado logo após o nascimento para a obtenção de células-tronco, que, a princípio, podem gerar qualquer tipo de tecido (como pele, ossos e ligamentos).
A medida beneficiará pessoas com leucemia, por exemplo, que dependem do transplante de medula óssea e da espera de mais de seis meses. Segundo o Ministério da Saúde, das 2.500 novas demandas por medula óssea por ano, em 1.500 casos não é encontrado um parente que possa ser doador.
Segundo o ministro Humberto Costa, com a nova rede o prazo para achar um doador compatível será de 40 dias e a chance de transplante passará de 35% para 90%.
A meta do governo é criar dez bancos públicos de sangue de cordão umbilical nos próximos cinco anos, todos integrados pela Brasilcord. Hoje, o único banco desse material em operação é o do Inca (Instituto Nacional de Câncer), no Rio de Janeiro, que tem 600 bolsas de sangue congeladas.
Para abarcar toda a diversidade genética dos brasileiros, o ministério considera ideal ter pelo menos 20 mil amostras -o que o governo pretende alcançar até 2009.
Ontem, parceria firmada pelo ministro com o Hospital Israelita Albert Einstein definiu a criação de três bancos públicos em São Paulo: um no próprio Einstein, com coleta imediata, outro no hemocentro da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e um terceiro na USP de Ribeirão Preto. Apesar de já terem a estrutura necessária, os dois últimos não dispunham de recursos para a coleta.
Com a parceria, o hospital israelita terá de aplicar em cinco anos R$ 45 milhões nos três bancos.
O ministério quer investir R$ 28 milhões no primeiro ano da rede para colher as amostras. Outros R$ 18 milhões serão investidos até 2006 na estrutura física de seis bancos a serem criados em Belém, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e Recife.
Após a coleta da amostra, que custa US$ 1.000, o sangue do cordão umbilical pode ser mantido até por 20 anos, a US$ 300/ano.

Cadastro
Para receber células-tronco do sangue do cordão umbilical, o paciente deve ser cadastrado pelo Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea). A fila é única. O dado é, então, cruzado com o da Brasilcord, para a busca por doadores compatíveis.
O sangue só será coletado com autorização da mãe. Não há risco ao recém-nascido, já que o sangue é colhido do cordão e da placenta, que são jogados fora.


Texto Anterior: Há 50 anos: Ocidente debate defesa européia
Próximo Texto: Justiça obriga Amil a pagar mais a cardiologistas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.