São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Pelo menos dez pessoas participaram da troca de tiros em Osasco, na 70ª chacina deste ano na Grande SP
Tiroteio entre turmas deixa cinco mortos

da Reportagem Local

Cinco pessoas morreram assassinadas na noite de anteontem em um tiroteio entre duas turmas de rapazes armados, na favela Padroeira 2, em Osasco (Grande São Paulo). A polícia suspeita que o crime esteja relacionado com o tráfico de drogas no local, um dos mais violentos da cidade.
Pelo menos dez pessoas participaram do tiroteio, segundo o delegado Francisco Pereira Lima, da delegacia de homicídios.
Essa foi a 70ª chacina -homicídio com pelo menos três vítimas- na Grande São Paulo, neste ano. Isso significa, em média, um crime desse tipo a cada três dias e 19 horas (veja quadro).
O crime envolveu pelo menos dois adolescentes. Marcelo Lins Ferreira, 15, que morreu no local, e seu amigo E.B., 15, o "Mel", que saiu ileso.
Preso durante a madrugada, "Mel" disse em entrevista que sua turma queria vingar os tiros dados contra seu amigo Ivanilton Fernandes, 20, meia hora antes.
Fernandes foi baleado na perna. Eram 21h30. Segundo Fernandes, a rua estava cheia de gente, moradores da favela.
Internado no Hospital Regional de Osasco, onde deve ser operado, hoje, ele disse à Folha que foi atingido a dez metros da sua casa, na rua Sizenando Gomes de Sá. Na mesma rua, a 50 metros de sua casa, moram pelo menos dois dos rapazes que atiraram contra ele, diz Fernandes. Mas o rapaz afirma não saber por que ele foi alvejado e afirma que, na sua turma, ninguém mexe com entorpecentes.
"(Os atiradores) Eram uns cinco caras. Eles falaram alguma coisa que eu não entendi e depois atiraram. Eu acho que não era para pegar em mim. Caí e um colega me socorreu. Depois, quando estava no pronto-socorro, comecei a ver os outros chegando, todo mundo ferido de bala. Nem sei o que aconteceu com eles."

Vingança
A matança ocorreu cerca de meia hora depois dos tiros contra Fernandes, segundo "Mel". O adolescente e seus amigos, também armados, teriam ido atrás dos atiradores para "trocar idéias".
Mas trocaram tiros. Morreram no tiroteio Alexandre Dias de Oliveira, 28, Aílton Gomes da Silva, 34, Marcos Teixeira Soares, 23, e Rogério Pereira Santana, 20, além de Marcelo Ferreira, 15.
Segundo investigadores da delegacia de homicídios de Osasco, pode haver uma sexta vítima fatal, porque testemunhas teriam visto alguém ferido com vários tiros, mas ninguém nessas condições passou pelos hospitais da região.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.