São Paulo, sexta, 25 de setembro de 1998

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CONFLITO URBANO
Ambulantes do Brás (SP) que pediam liberação das calçadas entram em confronto com guardas municipais
Protesto de camelôs acaba com 4 feridos

Cleo Velleda/Folha Imagem
Camelôs que participavam da manifestação ontem no Brás, que deixou quatro feridos, tentam virar carro da Guarda Municipal Metropolitana


MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Dois camelôs e um balconista de loja foram baleados e um guarda municipal foi ferido a golpes de cassetete na cabeça em um confronto entre ambulantes e guardas, ocorrido durante manifestação de marreteiros na região do largo da Concórdia, no Brás, região central de São Paulo.
Os camelôs do Brás querem a liberação de vagas para ambulantes nas calçadas do bairro. Eles não aceitam somente as vagas criadas nos bolsões do largo e da estação de metrô do bairro.
Na área da Administração Regional da Sé, que abrange o bairro do Brás, os camelôs devem se restringir as vagas existentes em oito bolsões preparados pela prefeitura. As calçadas estão vetadas (leia texto abaixo). Como protesto, os camelôs montaram barracas nas calçadas da avenida Rangel Pestana e do largo.
Com a cobertura da Guarda Civil Metropolitana, agentes vistores da regional da Sé foram fiscalizar o bairro para procurar barracas em desacordo com a determinação.
Ao depararem com as barracas, os guardas desmontaram a banca do camelô Antonio Soares Doramez, o que motivou o começo da manifestação, às 8h.
Os camelôs, reunidos em um grupo de 200 pessoas, segundo a Polícia Militar -300 segundo os manifestantes-, começaram a fazer passeatas pelo bairro, pedindo que os comerciantes fechassem as portas de suas lojas.
Às 11h, os camelôs pararam em frente à loja Clóvis da avenida Rangel Pestana para tentar fechá-la. Foi quando começou a confusão.
Segundo boletim de ocorrência registrado no 8º DP (Brás), o guarda municipal Quintiliano Pereira de Santana, 26, se posicionou na frente de uma das portas da loja, e um dos manifestantes jogou algo em sua direção.
Santana se distraiu e um manifestante não identificado tentou tomar sua arma. Quando o guarda se virou, foi segurado por outro camelô, e o primeiro manifestante tomou seu cassetete e o golpeou na cabeça. Santana deu então um tiro para o chão.
O disparo perfurou a perna do ambulante Mario Domingos de Melo, 50, ricocheteou e atingiu a coxa direita do balconista Marcelo Nonato de Souza, 28, que não sofreu maiores ferimentos porque tinha no bolso da calça uma calçadeira, objeto de metal usado em lojas de calçados para facilitar a colocação de sapatos mais justos.
O camelô Deuzimar Barros Trajano, 34, para tentar impedir novos disparos, avançou sobre o guarda municipal, que deu um segundo tiro para o chão e atingiu o ambulante no pé direito. Nesse momento, a PM interveio. Os feridos foram socorridos e a situação voltou ao normal às 12h.



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