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AMBIENTE
Representantes cobram investimentos de países ricos
Fórum de ministros termina com críticas a políticas protecionistas
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
Ministros da América Latina e
do Caribe encerraram ontem no
Rio a reunião preparatória da região para a Cúpula Mundial sobre
Desenvolvimento Sustentável
com críticas ao protecionismo
dos países ricos e cobranças por
mais investimentos desses países
em projetos ambientais.
O ministro brasileiro Celso Lafer (Relações Exteriores), que presidiu o encontro, disse que a defesa do ambiente não pode servir de
pretexto para medidas protecionistas. "O princípio da precaução,
no direito do meio ambiente, tem
que ser utilizado de forma que
não seja discriminatória", disse.
Segundo Lafer, o Brasil tem defendido essa posição na Organização Mundial de Comércio. Citou como exemplo a proibição,
pelo Canadá, da compra de carne
brasileira sob alegação do risco de
contaminação pelo mal da vaca
louca, que não se confirmou.
A reunião tirou um documento
para ser levado à cúpula de Johannesburgo, a Rio + 10, que será em
setembro de 2002. Essa reunião
vai reavaliar as metas da Eco-92,
realizada no Rio em 1992.
O texto rechaça explicitamente
"políticas que distorçam o comércio internacional" e pede a eliminação de todas as formas de subsídios à exportação.
O parágrafo 17 mostra preocupação para evitar que os países industrializados façam uma "interpretação abusiva" do chamado
princípio da precaução, usando
medidas de política comercial para discriminar outros países.
Esse princípio permite que o comércio de um produto seja proibido ou restringido se não estiver
provado que ele não faz mal.
O documento também destaca
a necessidade de encontrar novos
mecanismos para aliviar a dívida
externa dos países em desenvolvimento, criando instrumentos
multilaterais de financiamento
para programas ambientais.
A proposta pede que seja cumprida a meta da Eco-92, com a
cessão de 0,7% do PIB dos países
desenvolvidos para projetos ambientais -em 2000, esse percentual foi de 0,22%, segundo dados
da Cepal (Comissão Econômica
para América Latina e Caribe).
Representantes das ONGs queixaram-se da pouca participação
das entidades na elaboração do
texto brasileiro. Segundo Lafer, o
diálogo das ONGs com o governo
tem aumentado muito desde 92.
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