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Passos de aluno da USP são reconstituídos
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Ângelo Luís Cominelli, 20, foi visto pela última vez
por volta das 16h50 ainda na "peruada", festa organizada por estudantes da Faculdade de Direito da
USP (Universidade de São Paulo),
no centro de São Paulo, no último
dia 17, sexta-feira. Havia bebido
de cinco a oito latas de cerveja,
mais aguardente distribuída em
mangueiras de cima de um caminhão. Depois disso, sumiu.
Os detalhes dos passos seguidos
pelo aluno de engenharia, que desapareceu na festa e foi encontrado morto quatro dias depois,
boiando no rio Tietê, começaram
a ser reconstituídos pelo DHPP
(departamento de homicídios), a
partir de depoimentos de amigos
ouvidos nos últimos dois dias.
O corpo de Cominelli, localizado em avançado estado de putrefação, não apresentava sinais externos de violência. A causa da
morte será conhecida na semana
que vem, com a divulgação do
laudo do IML (Instituto Médico
Legal): o laudo deve indicar asfixia, não se sabe se por afogamento ou por outro meio. Os exames
toxicológicos e de dosagem alcoólica, também requisitados pelo
DHPP, saem em 30 dias.
Ontem, a polícia informou que
o corpo do rapaz, antes de ser resgatado no Tietê pelo Corpo de
Bombeiros, perto da ponte do Limão (zona norte), havia sido visto
por um policial na avenida do Estado, no rio Tamanduateí, que desemboca no rio Tietê.
O Tamanduateí passa a poucos
quilômetros de onde ocorreu a
festa da "peruada", no largo São
Francisco, no centro. O evento estudantil reuniu cerca de 2.500
pessoas, segundo estimativa da
Polícia Militar. Não houve registro de incidentes.
Saque
Ainda durante a festa, o estudante retirou R$ 30 de um caixa
eletrônico e chegou a falar com
amigos pelo celular, dizendo que
havia se perdido e que os encontraria em um determinado ponto
do centro. O universitário, que é
de Cerqueira César (287 km de
SP) e mudou-se há dois anos para
a capital, sumiu sem deixar pistas.
Os três amigos que moravam
com ele disseram à polícia que começaram a se preocupar na tarde
do dia seguinte, sábado, e ligaram
para a família dele para descobrir
se Cominelli não havia viajado
para visitar os pais. À noite, pela
internet, fizeram um boletim de
ocorrência de desaparecimento.
A polícia investiga o telefone celular de Cominelli, que também
desapareceu. O DHPP pediu a relação das ligações feitas para descobrir com quem ele falou e se o
aparelho continuou a ser usado.
Para o tio do estudante, Abel Pedro Ribeiro, prefeito de Cerqueira
César e ex-promotor, o sobrinho
foi assassinado "por alguém próximo". A família tem acompanhado a investigação.
Os pais de Cominelli, que reconheceram o corpo do rapaz na última terça-feira, também serão
ouvidos pela polícia.
Ontem, funcionários do prédio
onde Cominelli morava com mais
três estudantes prestaram depoimento. Para a polícia, o principal
ponto da investigação no momento é descobrir a causa da
morte, a partir do laudo do IML.
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