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São Paulo, sábado, 25 de outubro de 2003

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Passos de aluno da USP são reconstituídos

ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Ângelo Luís Cominelli, 20, foi visto pela última vez por volta das 16h50 ainda na "peruada", festa organizada por estudantes da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), no centro de São Paulo, no último dia 17, sexta-feira. Havia bebido de cinco a oito latas de cerveja, mais aguardente distribuída em mangueiras de cima de um caminhão. Depois disso, sumiu.
Os detalhes dos passos seguidos pelo aluno de engenharia, que desapareceu na festa e foi encontrado morto quatro dias depois, boiando no rio Tietê, começaram a ser reconstituídos pelo DHPP (departamento de homicídios), a partir de depoimentos de amigos ouvidos nos últimos dois dias.
O corpo de Cominelli, localizado em avançado estado de putrefação, não apresentava sinais externos de violência. A causa da morte será conhecida na semana que vem, com a divulgação do laudo do IML (Instituto Médico Legal): o laudo deve indicar asfixia, não se sabe se por afogamento ou por outro meio. Os exames toxicológicos e de dosagem alcoólica, também requisitados pelo DHPP, saem em 30 dias.
Ontem, a polícia informou que o corpo do rapaz, antes de ser resgatado no Tietê pelo Corpo de Bombeiros, perto da ponte do Limão (zona norte), havia sido visto por um policial na avenida do Estado, no rio Tamanduateí, que desemboca no rio Tietê.
O Tamanduateí passa a poucos quilômetros de onde ocorreu a festa da "peruada", no largo São Francisco, no centro. O evento estudantil reuniu cerca de 2.500 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Não houve registro de incidentes.

Saque
Ainda durante a festa, o estudante retirou R$ 30 de um caixa eletrônico e chegou a falar com amigos pelo celular, dizendo que havia se perdido e que os encontraria em um determinado ponto do centro. O universitário, que é de Cerqueira César (287 km de SP) e mudou-se há dois anos para a capital, sumiu sem deixar pistas.
Os três amigos que moravam com ele disseram à polícia que começaram a se preocupar na tarde do dia seguinte, sábado, e ligaram para a família dele para descobrir se Cominelli não havia viajado para visitar os pais. À noite, pela internet, fizeram um boletim de ocorrência de desaparecimento.
A polícia investiga o telefone celular de Cominelli, que também desapareceu. O DHPP pediu a relação das ligações feitas para descobrir com quem ele falou e se o aparelho continuou a ser usado.
Para o tio do estudante, Abel Pedro Ribeiro, prefeito de Cerqueira César e ex-promotor, o sobrinho foi assassinado "por alguém próximo". A família tem acompanhado a investigação.
Os pais de Cominelli, que reconheceram o corpo do rapaz na última terça-feira, também serão ouvidos pela polícia.
Ontem, funcionários do prédio onde Cominelli morava com mais três estudantes prestaram depoimento. Para a polícia, o principal ponto da investigação no momento é descobrir a causa da morte, a partir do laudo do IML.


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