ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Adiou só por três dias, mas adiou. O nome do estraga prazeres é Nildon Carlos Braga Veloso, ou Nildon Birro Doido, ex-quarto zagueiro do Esporte Clube Bahia.
Com um pontapé na pelota quando ela estava prestes a balançar a rede, Birro Doido desfez as esperanças de que Pelé faria o gol mil naquele 16 de novembro de 1969, dia de amistoso entre Bahia e Santos na Fonte Nova.
"Tinha imprensa de tudo quanto é canto do mundo. Todos querendo que ele deixasse a bola passar", lembra Agostinho, irmão do jogador.
Nildon não deixou passar, e foi por isso que ficou conhecido pelo resto da vida -morreu de infarto no sábado passado, aos 65, em Salvador, após não conseguir atendimento no primeiro pronto-socorro em que esteve.
Na foto que registra o chute, não há sinais de Jurandir, o goleiro. Entre Pelé e o gol, apenas Birro Doido.
Nascido em Maragogipe, a 133 km de Salvador, foi criado em Ilhéus, onde começou no Colo Colo. Jogou também no Galícia (BA) e no América de Rio Preto (SP).
Após pendurar as chuteiras, trabalhou numa rede de supermercados, numa fábrica de água mineral, como corretor de imóveis e funcionário público. Vivia atualmente com parte da pensão que a mãe passou a receber após a morte do pai, desembargador. Teve seis filhos.
Em 19 de novembro de 1969, no Maracanã, o goleiro Andrada não segurou o pênalti. Santos, 2, Vasco, 1, Pelé, mil.

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